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quinta-feira, 1 de novembro de 2007

O conhecimento geográfico

O CONHECIMENTO GEOGRÁFICO

Eduardo Pazera Jr.


Trabalho realizado para a disciplina: Epistemologia e
História da Geografia do Curso de
Pós-Graduação em Geografia,
UNESP, Rio Claro, 1984.


Para a Geografia, o espaço é uma noção estética e não física.

(Eidorfe Moreira, Idéias para uma concepção geográfica da vida,1960, p.4)


Nossa admiração pelo lexicógrafo – “peseur de mots” – leva-nos, inicialmente, a decompor os termos do título, à guisa de uma introdução semântica: “conhecimento”/”geográfico”. Valemo-nos do estimado “Aurélio” (1), para qual, no sentido comum, o conhecimento seria o “ato ou efeito de conhecer”, por sua vez, seria, simplesmente, “ter noção, informação de; saber”. Já na acepção filosófica (a 13ª. do verbete “conhecimento”, teríamos: “A apropriação do objeto pelo pensamento, como quer que se conceba essa apropriação: como definição, como percepção clara, apreensão completa, análise, etc”. Quanto ao adjetivo “geográfico”, ou seja, “relativo ou pertencente à Geografia” (2) devemos mencionar o que se registra o dicionário sobre esta ciência: “Geografia (Do Gr. Geographía, pelo lat. Geographia); S.F.I. Ciência que tem por objeto a descrição da superfície da terra, o estudo dos seus acidentes físicos, climas, solos e vegetação e das relações entre o meio natural e os grupos” (3).

Tentemos um aprofundamento, passando a palavra aos especialistas. Brugger, no seu “Dicionário de Filosofia” (4) abre o verbete “conhecimento”, dizendo que “O conhecimento” é um dado primitivo da realidade, e enquanto tal, indefinível”. Não obstante, o tema é bastante discutido e o autor salienta que o sujeito, através de sua faculdade cognoscitiva, realiza uma “assimilação” do objeto que se dá mediante a criação de uma “imagem” do objeto no sujeito (5). Quanto ao conceito de Geografia, se apelarmos para o geógrafo, podemos citar a “clássica” definição de De Martonne (1950, p.24) (6) para qual a geografia estuda “la repartition à la surface da globe des phénomènes physiques, biologiques et humains, les causes de cette répartition et les rapports locaux de les phénomènes”.

È evidente que estas definições não são satisfatórias, mas bem podem servir de ponto de partida. Para não nos alongarmos mais (já que não se admite, hoje em dia, a validade final das “definições”), podemos assumir a posição de que o conhecimento geográfico consistiria na apreensão das realidades espaciais da superfície terrestre à luz da ciência geográfica. Devemos lembrar, contudo, o fato de que se muitas outras ciências estudam fenômenos da superfície terrestre, a Geografia, pelo seu método, teria uma preocupação original quanto à problemática espacial no sentido de indagar a natureza, a freqüência, as causas e as relações das distribuições espaciais (7).

Como teria evoluído, em linhas gerais, o conhecimento geográfico? Historicamente, esse conhecimento teria sido fruto, inicialmente, de um conhecimento espontâneo, visando ao atendimento de necessidades básicas de sobrevivência. Daí os registros (inicialmente orais) de itinerários (8). Com os gregos, o conhecimento geográfico passa a ter um caráter reflexivo. A reflexão filosófica grega preocupa-se com a concepção da Terra, do Homem, do Universo, etc. Também se estuda o problema do tamanho, forma e representação da Terra. As viagens e seus relatos também pertencem a essa etapa que assume características às vezes mais “filosóficas” ou mais “práticas” (9). Essa linha vai se desenvolver pela Antiguidade, Idade Média e Moderna e será beneficiada (e modificada) pela expansão do horizonte geográfico, com as viagens de descobertas, e pelos progressos técnicos. Todos esses progressos que resultam na evolução geral de muitas ciências culminam, do ponto de vista da Geografia, com a formação de uma Geografia científica autônoma, no século XIX, notadamente sob a égide dos alemães Humboldt, Ritter e Ratzel. Franceses e anglo-americanos contribuem, posteriormente, para a sua consolidação (bem como para as várias “ interpretações” da Geografia como ciência).

Embora tenhamos assinalado essas etapas (reflexiva, filosófica e científica) do conhecimento geográfico, é importante assinalar que elas não constituem categorias mutuamente excludentes. Na realidade, elas se completam sincrônica e diacronicamente. Ademais, “o geógrafo coloca-se em face do Mundo como analista, mas um analista identificado com o objeto da sua análise, de modo que essa análise supõe um certo estado de integração da sua pessoa com a paisagem estudada” (10).

Na atualidade, o conhecimento geográfico é entendido, de diferentes modos, de acordo com várias correntes que podemos consubstanciar em quatro principais: (11)



    1) “Geografia Tradicional”, consolidada no século passado e que teria caráter descritivo, ideográfico e informativo. Pretenderia fazer a “síntese”.

    2) “Geografia Quantitativa” e/ou “Teorética”, ou a “Nova Geografia”. Surgiu na década de 50 (consolidada nos anos sessenta). Faria oposição à tradicional. Prende-se, com rigor, ao método científico e apresenta preocupação filosófica – Emprega a quantificação, usa recursos da tecnologia moderna (computação, sensoriamento remoto, etc.).

    3) “Geografia Radical”, ou “Crítica”, Surge na década de sessenta como reação ao excesso de quantificação, visando combater a suposta “neutralidade” da Geografia. Embora seu método de análise corrente seja o marxista, muitos de seus mentores não se prendem à ortodoxia. Há autores que vão desde os “neo” (e “para”) – marxistas até várias tendências anarquistas. Destaca-se, nesta corrente, o seu caráter crítico e combativo no sentido de colocar a Geografia a serviço da sociedade.

    4) A “Geografia Humanista” ou “Fenomenológico”, também do mesmo período, procura colocar o homem como centro de todos os processos. O ambiente e o homem seriam um todo inseparável. È notável sua preocupação com os valores éticos (12).



Para concluir este escorço sobre o conhecimento geográfico, deve-se salientar que a tendência que prenuncia, é no sentido de aprofundar as reflexões. trata, doravante, de reflexões filosóficas, com implicações sociais e políticas, mas, ao mesmo tempo, preocupadas com o cotidiano. Há uma preocupação crescente com a reflexão epistemológica e metodológica, mas que também tenha um sentido de ser benéfica para o Homem.


Notas:

(1) Aurélio Buarque de Holanda Ferreira, Novo Dicionário da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1975. p.362.
(2) Ibid. p. 684.
(3) Ibid. p. 683.
(4) Walter Brugger, Dicionário de Filosofia.S.Paulo: EPU, 1977, p. 99.
(5) Ibid. p. 100-101
(6) Emmanuel De Martonne, Traité de Géographie Physique. Paris: Armand Collin, 1950, p.24.
(7) O assunto é muito bem explanado em Ronald Abler; John T. Adams e Peter Gould, Spatial Organization.The Geographer’s View of the Word.Englewwod Cliffs: Prentice Hall, 1971. Na página 56, lê-se ( em itálico): “Why are spatial distributions structured the way they are?”.
(8) Para o desenvolvimento destas idéias, bem como de muitas outras que permeiam o presente texto, valemo-nos das anotações das aulas ministradas pela Profa. Dra. Lívia de Oliveira, na disciplina Epistemologia e História da Geografia, Curso de Pós-Graduação em Geografia, UNESP-Rio Claro, 1984.
(9) Nesse sentido é interessante notar que a obra de Estrabão, fruto de suas viagens e especulações, com muitas observações essencialmente práticas, traz no exórdio do Livro I : “Creemos que también la geografia, que ahora nos proponemos considerar, es própria, no menos que cualquier outro estúdio, de la profesión del filósofo” Estrabon, Geografia. Prolegómenos; trad. y notas Ignácio Granero. Madrid: Aguilar, 1980, p. 5.
(10) Eidorfe Moreira, Idéias para uma concepção geográfica da vida. Belém, 1960, p.42.
(11) Ver nota (8) e Antonio Christofoletti, As perspectivas dos estudos geográficos, in: Perspectivas da Geografia, org. A. Christofoletti, S. Paulo: Difel, 1982, p. 11-36.
(12) Dentro de uma escolha puramente pessoal ( fruto de nosso “momento”...) poderíamos citar, como obras representativas dessas quatro vertentes, as seguintes: 1.a) Paul Vidal de La Blache. Princípios de Geografia Humana. Lisboa: Cosmos, 1954. 2.a) As várias contribuições contidas em Christofoletti, op.cit. (11). 3.a) Yves Lacoste, La Géographie, ça sert d’abord à faire la guerre.Paris: François Maspero, 1976. 4.a) Yi-Fu Tuan, Topofilia-um estudo de percepção, atitudes e valores do meio ambiente.Trad. de Lívia de Oliveira. S.Paulo: Difel, 1980. Sister Anne Buttimer, Values in Geography. Resource Paper n. 24. Ass. of American Geographers, 1974.






Categorias para a síntese e conceitos pragmáticos em Geografia

Paulo Rosa

Tomando como verdade a premissa de que o raciocínio é uma passagem do conhecido para o desconhecido, podendo ser seguido do argumento como a expressão verbal desse raciocínio cuja forma é o resultado do encadeamento lógico das proposições. Nesse sentido, esse é o caminho para a razão que pode ser indutiva, ou seja, um movimento do pensamento que vai dos singulares (o real) para o universal (a palavra); ou dedutiva que é o movimento do pensamento que vai do universal (palavra) para o singular (real).

A ciência tem como movimento do pensamento, o real, caminhando na análise, que vai de singular em singular até a forma que é um postulado, teoria ou lei. Já a arte, o movimento do pensamento vai do universal, que é a forma até o singular, que é o real. Dessas concepções torna-se necessário a compreensão da situação relativa ao trinômio: verdade, evidência e certeza. O problema da verdade se refere aos estados de espírito, veja o slide representativo a seguir:



Slide 1

Ainda pensando com os autores Cervo e Bervian, a verdade só resulta quando houver evidências, pois essa fundamenta a certeza.


Slide 2


Sendo que a certeza é o estado de espírito que consiste na adesão firme a uma verdade conhecida sem temor de enganos (CERVO e BERVIAN) diferindo assim da opinião que “é o estado de espírito que afirma com temor de se enganar. Contrariamente à dúvida, esta é uma suspensão do juízo.

A partir desses conceitos da filosofia da ciência orienta-se o conhecimento e a inteligência para que os processos sejam dedutivos, daí então se faz presente a compreensão das categorias que permitem a dedução. Região, Paisagem e Território, passam a ser categorias que vão permitir que a dedução seja eficiente, eficaz e efetiva, pois essas categorias permitem o olhar respaldado na teoria de sistemas e dos conjuntos.

No entanto essas categorias somente serão bem aplicadas quando se trabalha com conceitos que já estão estabelecidos com postulados também aplicados.

Olivier Dolfuss em sua obra, paradoxal, Análise Geográfica busca o estatuto científico da Geografia. Mas apesar do esforço filosófico não consegue teorizar. Porém sua contribuição para a aplicação de conceitos que permitem o viés técnico e palpável da leitura do cenário geográfico é de vital importância para a Geografia se firmar como Arte e não como Ciência, lembrando de que esse não era o propósito da obra. A análise requer indução para a teorização, o que parte do singular para o formal.

A geografia é requisitada para descrever um dado cenário e seus elementos correlacionando uns com os outros, formando um todo, ou como população ou como comunidade, procurando como bem estabeleceu Hartshorne a procura demonstrar as diferenças, mesmo que seja, aquilo que, as nossas vistas, insignificantes.

Para descrever um cenário que contém uma população ou uma comunidade, se requer a organização lógica do raciocínio pautado na dedução. Dedução das categorias, mas, o quê no cenário se deve buscar? É aí nesse momento que recorre ao que Dolfuss trouxe como estrutura conceitual de fundamental importância para que a descrição seja eficiente, eficaz e efetiva. Conceitos que serão transversalizadas por níveis privilegiados das estruturas geográficas, lembrando que as originalidades requerem a observação do que está banalizado pelo olhar do senso comum, ou mesmo, do bom senso. A localização do evento é fundamental para delimitar os limites ou limiares que o circundam, e assim elaborar a taxonomia com vistas a abstrair e não deixar de valorizar a distribuição e as diferenças dos elementos contidos no cenário.

A eficiência será dada ao argumento sendo referenciado por essas categorias, porém com o uso dos conceitos a eficácia será firmada para dar o arcabouço do argumento. A efetividade somente será possível se houver a aplicação da tecnologia que permeia a leitura dos elementos que estão contidos no cenário ambiental, ou seja, no cenário geográfico.


BIBLIOGRAFIA

DOLFUSS, Olivier. A análise geográfica. Tradução de Heloysa de Lima Dantas. São Paulo, Difusão Européia do Livro: Coleção Saber Atual, 1973.

CERVO, Amado Luiz e BERVIAN, Pedro Alcino. Metodologia científica: para uso dos estudantes universitários. 2ª edição. São Paulo, McGraw-Hill do Brasil, 1977.

JOLIVET, Régis. Curso de Filosofia. Tradução de Eduardo Prado de Mendonça. *ª edição (revista). Rio de Janeiro, Livraria Agir Editora, 1966.





Evidênciando algumas vulnerabilidades no relevo da REBIO Guaribas - PB

Pablo Rodrigues Rosa
orientação: Paulo Rosa


1.1 Introdução

A natureza é o lugar de onde retiramos a nossa sobrevivência, por isso não conseguimos viver sem a colaboração de seus elementos. Entretanto, o uso que o ser humano faz do meio ambiente supera a possibilidade de colaboração desses elementos deixando o ambiente coagido. Talvez esses termos sejam mais apropriados para serem empregados entre relações humanas, mas, se deslocarmos um pouco o ponto de vista, o ambiente torna-se um elo entre as relações homem-homem. E no universo humano estabelecer um teto máximo de operações é difícil, pois o limite alcançado não basta para o limite almejado.

Este estudo visa os resultados na Natureza da pressão que o homem tem exercido sobre ela. Por Natureza entendemos como sendo o corpo de elementos e fatores que interagem de forma espontânea, cujo arranjo se dá a partir das relações interativas entre os elementos inseridos no ambiente de maneira harmônica. Essa Natureza é limitada, e mais limitada ainda se torna quando está confinada em um território, como é o caso de uma área interfluvial numa Unidade de Conservação como Reserva Biológica, cujo entorno é de elevado teor de atividade rural (Uma sociedade ou comunidade pode ser classificada como rural, e não urbana, pelos seguintes critérios, que indicam áreas de um continuum: menor densidade demográfica, menor diferenciação social, menor mobilidade social e espacial; índices mais baixos de mudança social; agricultura como ocupação principal; posse da terra como o centro convergente do sistema político-econômico in SILVA, Benedito. Dicionário de Ciências Sociais, FGV, p.1090). A natureza dessa área perpassa da paisagem ao território, pois convivem lado a lado as plantações que são territorializadas, com a restauração do ambiente natural, onde também a própria paisagem natural, em sua tentativa de se restabelecer, está cercada, inserida num território. Restabelecer é a expressão apropriada, pois esta área já foi de uso agrícola e extração de madeira, agora, dada à própria sorte e aos olhos fiscalizadores, começa por si só tornar-se natural, espontânea, sem intervenção humana.

A área pesquisada é a Unidade de Conservação Reserva Biológica Guaribas (REBIO Guaribas). Nosso trato com o ambiente advém de atividades exercidas no local desde o início do ano de 1997, e após colaboração intensa a pesquisadores credenciados na Unidade, consideramos então ser este o local promissor para elucidação e prática de nossa pesquisa e nosso elo científico, forjados durante o trajeto como estagiário do Laboratório de Geografia Aplicada no Setor de Informações Geográficas Aplicadas do departamento de Geociências da UFPB e, especialmente, como estudante do Bacharelado em Geografia da UFPB campus I.

A REBIO Guaribas situa-se geograficamente na Zona da Mata do Estado da Paraíba e precisamente nos municípios de Rio Tinto e Mamanguape. A Unidade é compartimentada em três áreas distintas, duas com uma possibilidade de intercomunicação e uma afastada. São elas a SEMA I, II e III (ver Figura 1). A SEMA I e II localizam-se em Mamanguape, a SEMA III em Rio Tinto. Nossa pesquisa foi efetuada apenas nas áreas I e II. Para uma melhor compreensão dos limites e da localização, além dos antecedentes territoriais deste ambiente, importamos abaixo um trecho do Plano Emergencial de Manejo (1995), bastante longo, mas necessário, pois traz minuciosamente tais informações. Esclarecemos que as partes do texto original que remetem a anexos e figuras foram omitidas, não sendo importantes para este estudo.



Figura 1: Croqui de localização das três áreas da REBIO Guaribas.
Adaptado do Plano Emergencial de Manejo (1995).


A Reserva Biológica Guaribas está situada no extremo Nordeste do Estado da Paraíba e ocupa parte dos municípios de Mamanguape e de Rio Tinto. Ela está constituída por três áreas separadas, identificadas no Decreto de Criação Nº 98.884 de 25 de janeiro de 1990, como SEMA 1, SEMA 2 e SEMA 3.

A Área I esta localizada no município de Mamanguape, aproximadamente entre as latitudes 6º40’ e 6º43’ S e as longitudes 35º07’ e 35º08’ W. Ela possui uma superfície de 616.4 ha e está limitada em linhas gerais ao Sul, ao Oeste e ao Norte pelas parcelas do Projeto Integrado de Colonização Rio Tinto (PIC Rio Tinto) do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária, INCRA e ao Leste pela BR 101. Tem um perímetro de 14.070 m, (relação perímetro/superfície = 22.83, como comparação, na Reserva Biológica de Sooretama = 4.95) definido no Decreto por 11 pontos de referência.

A Área II é a maior e inclui a sede da Reserva, Está localizada no Município de Mamanguape aproximadamente entre as latitudes 6º41' e 6º45' S e as longitudes 35º07' e 35º12' W. Ela possui uma superfície de 3378.2 ha e está limitada em linhas gerais ao Sul pela estrada de acesso a Jacaraú (rodovia estadual PB 71), ao Leste pela BR 101, ao Norte pelas parcelas do PIC Rio Tinto do INCRA e a Oeste por um caminho limítrofe com terras da Fazenda Jardim da Usina Xuá Tem um perímetro de 45150 m (relação perímetro/superfície = 13.37) definido no Decreto por 32 pontos de referência.

A Área III esta localizada no município de Rio Tinto, aproximadamente na latitude 6º48' S e na longitude 35º06' W. Ela possui uma superfície de 327.0 ha e está limitada em linhas gerais ao Sul pela Cidade de Rio Tinto e parcelas do PIC Rio Tinto do INCRA, ao Norte e ao Leste por uma estrada de acesso ao campo de pouso, que liga a cidade de Rio Tinto com a BR 10 1 e com terras da Companhia Rio Tinto, e a Oeste com terras particulares totalizando um perímetro de 8446m (relação perímetro/superfície = 25.83), definido no Decreto por 7 pontos de referência.

A superfície total da Reserva é de 4321.6 ha e a soma total dos perímetros é de 67666 m. A superfície da Reserva equivale a um quadrado de 6573.5 m de lado com um perímetro de 26294m mostrando que a forma irregular da Reserva um longo perímetro a ser defendido e uma maior dificuldade em defini-lo. Dos 50 pontos que definem o perímetro das áreas no Decreto, só 5 puderam ser identificados com marcos de pedra no terreno. Os restantes pontos e linhas limitantes são identificados pelo pessoal da Reserva com base na diferença no desenvolvimento da vegetação entre as parcelas do PIC Rio Tinto e da Reserva, e no traçado das estradas ou trilhas. Em alguns limites onde não existe diferença de vegetação a divisa da Reserva fica indefinida. Por outro lado, as estradas e caminhos têm mudado seu traçado no decorrer do tempo, existindo, assim, discrepâncias entre os limites definidos no mapa e no terreno como no caso da BR 101, da estrada de Jacaraú (PB 71), do caminho que limita a Área II pelo lado Oeste, da estrada que limita a Área III pelo Norte e Leste e do caminho que limita esta área pelo Oeste.

A sede da Reserva encontra se na estrada de acesso a Jacaraú (PB 71), a aproximadamente 1 Km da BR 101 e dista 78 Km de João Pessoa. A sede dista 22 Km em linha reta do povoado de Jacaraú e 11 Km das cidades de Mamanguape e Rio Tinto, sendo esta última vizinha da Área III.

Além da sede, a Reserva possui um escritório administrativo na Mata do Buraquinho próximo a SUPES do IBAMA em João Pessoa.

Ao Norte da Área II e a Oeste da Área I, dentro da área de influência (10 Km do perímetro da Reserva), encontram se os pequenos povoados de João Pereira, Brejinho, Imbiribeira, Água Fria e Piabuçu.

Linhas de ônibus regulares partindo de João Pessoa atendem as cidades de Rio Tinto e Jacaraú. Esta última linha passa na porta da Sede.

Histórico e Antecedentes Legais

Na história da Reserva Biológica Guaribas podem se distinguir quatro períodos. O primeiro período, que vai de 1977 até agosto de 1981, incluí as negociações com o INCRA para destinar 20% das terras do PIC Rio Tinto à implantação de uma Estação Ecológica da Secretaria Especial do Meio Ambiente (SEMA) em Mamanguape. Nestas terras a floresta tinha sido preservada como reserva legal em condomínio das parcelas do Projeto. Também nessa época iniciaram se contatos com a Universidade Federal da Paraíba (UFPB), para comprometer essa Instituição na implantação e no estudo da biodiversidade da Estação.

O segundo período, de 1981 a 1987, inicia com a autorização do INCRA para que a SEMA utilize as áreas SEMA 1 a 3 para implantar sua Estação Ecológica. A partir daí o INCRA abandonou a vigilância das terras, passando esta a ser feita pela SEMA. A corrupção dos funcionários da SEMA responsáveis pela Estação em Mamanguape, o interesse dos madeireiros em estender o desmatamento das parcelas do PIC Rio Tinto à área de reserva legal do projeto somados à atitude populista do Governador, interessado em distribuir essas terras improdutivas aos camponeses sem terra, e do Prefeito de Rio Tinto, querendo construir conjuntos habitacionais na Área III, ameaçaram seriamente a iniciativa de implantar a Estação Ecológica. A estas forças poderosas opuseram se a administração central da SEMA, principalmente o Secretário do Meio Ambiente Paulo Nogueira Neto, ONG's como a Associação Paraibana de Amigos da Natureza (APAN), que denunciou a destruição criminosa das florestas da Estação e as intenções do poder político regional; a UFPB e, finalmente, em forma decisiva, o Procurador da República, Eitel Santiago de Brito Pereira e a Justiça Federal na Paraíba que promoveram e julgaram a Ação Civil Pública contra a União e as pessoas diretamente responsáveis pela destruição das Florestas da Estação Ecológica de Mamanguape, em criação.

O terceiro período, de 1998 a 1990 caracteriza se pela contratação do atual chefe da unidade de conservação, pela expulsão dos infratores da Estação, a cricação da Reserva Biológica Guaribas, (a Estação Ecológica nunca chegou a ser criada formalmente) e a transferência definitiva das terras do INCRA para o IBAMA. A criação de uma reserva biológica em lugar da prevista estação ecológica, foi a opção encontrada pelo Diretor de Ecossistemas do recém constituído IBAMA, para assegurar a criação da Reserva, já que este tipo de UC não exigia que as terras pertencessem ao IBAMA para poder ser criada. Este fato consumido induziria o INCRA a sair da sua indecisão e formalizar a definitivamente doação das terras ao IBAMA, o que aconteceu pouco tempo depois. O nome Guaribas dado a REBIO refere se à extinção recente do Allouata belzebu na área, em conseqüência dos desmatamentos realizados para a implantação do PIC Rio Tinto. A escolha do nome sugere um compromisso de repovoar a Reserva com essa espécie e de reconstruir seus ecossistemas florestais, além de fornecer à Reserva um símbolo conservacionista para sua identificação.

O quarto período, de 1991 até o presente, inclui a implantação da Reserva com obtenção da infra estrutura, o início do funcionamento da Reserva, o desenvolvimento do Projeto Guariba e de projetos de pesquisa em parceria com a UFPB e a inclusão da Reserva no Programa Nacional do Meio Ambiente (PNMA).



Uma noção da História da Paraíba tornou-se relevante também para que um panorama dessa evolução espacial fosse formulado, permitindo-nos assim conceber, com maior embasamento, a realidade atual do lugar. Esse embasamento está sendo considerado aqui como os processos que, materializados no tempo e no espaço, nos proporcionam uma visão das interações humanas com esse meio. Retiramos um trecho de uma dissertação de Mestrado, fruto de uma pesquisa na área, que faz alusão a esses procedimentos e traz um resgate histórico dos antecedentes descritos nos parágrafos anteriores:


A Paraíba nasceu como domínio da capitania de Itamaracá, depois, capitania de Pernambuco. No Império passou à província da Parahyba e, por fim, à territorialidade nacional já como Estado. O que está bem caracterizado é que a ocupação data do início da colonização do País. Isto demonstra que a paisagem foi profundamente alterada , pois sua apropriação é de ordem também espoliativa e profundamente mercadológica. É nessa instância que se configura a situação da paisagem enquanto recurso, e sintomaticamente uma mercadoria.

A ocupação colonial se deu nos grandes estuários paraibanos, inevitavelmente seguindo os cursos hídricos a montante ao longo das várzeas dos rios. Isso não é decorrente de fascínio estético, mas sim por puro princípio de sobrevivência em que, depois do ar, o elemento mais necessário a suprir a existência é a água.

Após as grandes investidas econômicas no litoral houve o adentramento no território. O que nos chama a atenção são as diversas investidas dadas sobre a paisagem de uma mesma área, e no nosso caso, a cidade de Mamanguape, que durante muito tempo foi a segunda cidade mais importante do estado da Paraíba. Isso se deu por conta também de sua atividade portuária em que a cana-de-açúcar formou a base estimulante da produção econômica, haja vista a presença da agroindústria açucareira em atividade até hoje. Mas o cerne da questão é que a visão do capital sobre a paisagem é de recurso apropriável e de sua transformação enquanto bem para mercadoria a ser consumida ou estocada enquanto capital.

A economia de mercado não atenta para a economia da natureza, logo não percebe que na acumulação de capital pode haver a desarticulação da natureza.Sobre essas premissas permeia-se a possibilidade de que no uso indiscriminado dos recursos gera uma tensão cuja estabilidade pode ser quebrada, alterando a fonte de suprimentos para a sobrevida.

A REBIO GUARIBAS, tanto no município de Mamanguape como no município de Rio Tinto, é um território ilhado, tanto no espaço como no tempo. A ocupação sobre a superfície em que hoje é constituída a REBIO, tem se dado em diversas circunstâncias: fonte extrativa de látex da mangabeira (informação oral fornecida por moradores mais antigos do lugar), pequenas lavouras de subsistência, extração de madeira, e no entorno, forte produção de mamão, abacaxi, e principalmente, cana-de-açúcar.
(Trecho retirado da Dissertação do Prof. Paulo Rosa que pesquisa o escoamento hídrico e sua relação com o meio como agente modificador da paisagem).



Nesse contexto relevando-se a evolução dos processos de ocupação e de intervenção humana sobre o meio, visamos atingir o que se tem como resultado dessa ação. Nos processos de ocupação dessa área, diversos fatores se acumularam permitindo a atual conformação do que esse ambiente é hoje, e tais fatores inevitavelmente introduziram nesse ambiente, mudanças, algumas imperceptíveis aos sentidos humanos e outras não. Nesse escopo, um resultado desse processo é a vulnerabilidade que os ambientes apresentam a partir dessas mudanças. A nossa temática é a desestabilização do ambiente causada por essas relações, da qual surgiu a pergunta cerne da proposta desta pesquisa: Quais as possíveis evidências de vulnerabilidade no relevo da REBIO Guaribas? A partir dessa indagação, o novelo começa a ser desenrolado.

Devido à grande intervenção humana na natureza, estamos acompanhando como resultado dessa ação situações que podem ser consideradas como desastrosas, e muitas vezes com danos até irrecuperáveis que põem em risco a vida humana. Em muitas dessas ocorrências é o ser humano contra si próprio. A natureza por si só exibe uma característica de desestabilização, quando sujeita a uma força natural maior do que a que ela mesma pode suportar. Porém, dependendo do impacto, de sua freqüência e magnitude, o processo do equilíbrio dinâmico (Teoria da Geomorfologia que diz que um sistema natural é aberto e mantém troca de matéria e energia com os demais sistemas do universo e nessa troca, se houver variação no suprimento os sistemas envolvidos reagirão na tentativa de alcançar uma nova estruturação adaptada a essa nova condição - Christofoletti, 1980, p. 168) pode ficar comprometido. Por freqüência e magnitude, Almeida e Tertuliano in Cunha e Guerra (1999, p.117) compreendem como sendo os valores quantitativos envolvidos no fluxo dos sistemas ambientais. Neste ínterim buscamos os pontos possíveis de desestabilização, ou seja, os pontos mais vulneráveis às forças exóticas que procuram estabelecer novo arranjo ao ambiente, sendo por isso forças modificadoras.

Nesta área observamos, grosso modo, modificações nos ambientes que inevitavelmente poderiam ter sido evitadas. Erosões, perda de solo e problemas hídricos elencam parte de problemas que ali ocorrem e chamam nossa atenção juntamente com sua peculiaridade de conviver lado a lado com a natureza tentando recuperar-se, ou seja, uma área de preservação e outra de agricultura intensiva. Neste tocante, essa peculiaridade tornou-se chamativa para detectarem-se pressões a que esse ambiente tem recebido.

Para responder a indagação que essa pesquisa se propôs a executar, determinamos duas hipóteses. A primeira delas enuncia que o desequilíbrio do fluxo de matéria-energia entre os conjuntos naturais, cujos resultados incidem numa morfogênese maior que pedogênese, influi na vulnerabilidade do relevo da REBIO. A segunda hipótese evidencia como a pressão no meio ambiente exercida através de intervenções artificiais tensionam elementos dos conjuntos naturais, causando desequilíbrio no sistema e levando à ocorrência de uma morfogênese maior que pedogênese.

Nosso objetivo foi composto tendo em mente testar essas duas hipóteses, o que significa determinar os fatores que implicam na vulnerabilidade dos conjuntos naturais, inseridos no território da REBIO Guaribas, os quais dependem da matéria e energia da paisagem do seu entorno. Separamos a pesquisa em duas etapas, sendo que na primeira delimitamos a área de estudo; selecionamos documentação iconográfica da região, levantamos documentação bibliográfica sobre a temática relativa à questão vulnerabilidade ambiental e, por fim, destacamos na poligonal as sub-bacias e micro-bacias como unidades de planejamento. Na segunda etapa caracterizamos o ambiente geograficamente; verificamos os pontos em que estavam ocorrendo pedogênese e morfogênese; detectamos as áreas afetadas pela ação de desequilíbrio ecodinâmico; determinamos a diferenciação localizada entre pedogênese e morfogênese relevando as intervenções artificiais na paisagem que estão deixando o sistema vulnerável. Resolvemos restringir a uma linha de observação o resultado da vulnerabilidade do ambiente, isto é, vulnerabilidade do relevo e suas conseqüências nesse sistema. Essa restrição é conferida às nossas possibilidades de observação.


1.2 Referencial teórico-conceitual

Este trabalho apoiou-se teoricamente em uma linha sistêmica, cujos estudos foram desenvolvidos por autores ligados tanto à Geografia Geral quanto à Regional. Ao longo do tempo os sistemas vêm sendo delineados para se estabelecer uma maneira mais adequada de se fazer ciência. Esse fazer contempla desde as observações, até as interpretações para se gerar o conhecimento. Fatores como testabilidade, reprodutibilidade e credibilidade de processos científicos, são considerados nessa sistematização para um fazer científico que descreva e explique mais claramente e com mais certezas o universo pesquisado e estudado.

Dentre os trabalhos relativos ao meio ambiente aos quais tivemos acesso, optamos por aqueles que nos orientassem para o uso de técnicas para se perceber a realidade e aferir sua consistência para se interpretar tais percepções. Tanto as teorias como os conceitos vão sendo aprimorados à medida em que a realidade que eles representam vai sendo percebida com mais clareza. Essa clareza consiste no conhecimento do que se observa em toda sua extensão – isso inclui suas relações com o que lhe é externo também, além da sua natureza e geometria.

Nesta pesquisa lançamos mão do processo lógico indutivo. Segundo Jolivet (1966, p.75) indução é “uma espécie de análise, uma vez que decompõe o objeto complexo, dado à experiência, com fim de apreender nele a essência, a causa, o princípio ou lei”. A análise por ser uma decomposição do todo em partes, pode ser aplicada em qualquer tipo de estudo e pesquisa, e tem como efeito a possibilidade de separar cada item de maneira que este possa ser visto de forma isolada ou em conjunto. De maneira isolada, estática, como diz Nimer (1988), se tem uma conotação positivista da observação, e numa abordagem considerando a dinâmica, ou seja, a interação, se tem uma conotação funcionalista da observação.

Adentrando mais precisamente pela Análise Geográfica, utilizamos como referência Dulfuss , que considera “seja qual for a natureza dos fenômenos analisados, o geógrafo adota o mesmo procedimento a fim de decompor o seu domínio”. Desse trecho, percebemos que o domínio estudado deve ser decomposto, analisado. Então, para analisar o domínio da REBIO, nos pautamos na teoria Ecodinâmica e nos conceitos por ela trabalhados.

Percebemos a paisagem a partir dos conjuntos naturais os quais contemplam o biótico. O homem ao tornar-se um agente interventor, capaz de alterar drasticamente os outros conjuntos, altera também os elementos do conjunto ao qual está inserido. Por isso nesta pesquisa propomos a compreensão das relações entre esses conjuntos.

A compreensão dessas relações só foi possível a partir dos dados coletados, pois acreditamos serem estes os indicadores mais fortes das tendências de um fenômeno contínuo, que não tem um padrão fixo, como os fenômenos na natureza, seja ela de caráter humano ou não. Isso pode soar como um modo positivista de se fazer ciência, entretanto no quadro positivista, como sugere Nimer (1988), o intelecto fica subordinado à observação. Para não incorrermos nessa subordinação, empregamos uma expressão funcionalista, também sugerida por Nimer (1988). Essa concepção, ou melhor, esse quadro, como refere o Autor, adota a idéia totalizante da observação dos dados, mas desloca essa observação para sua essência, não da aparência que é algo estático e sim da sua posição sistêmica. Desse modo investigamos não apenas o padrão dos fenômenos, mas principalmente sua interação funcional, para podermos indicarmos uma ação construtiva no todo. No quadro positivista cada elemento é visto por ele só, sem interações, nem dinâmica.




Tópicos Conceituais


Os principais conceitos de que lançamos mão, como paisagem, território e vulnerabilidade, serão vistos a seguir como tópicos, e com uma pequena discussão. Outros conceitos também foram empregados, porém destacamos estes por se encontrarem no cerne da pesquisa.




Paisagem


Como foi evidenciado anteriormente, o domínio em que pesquisamos é um domínio natural, traduzido relativamente como paisagem. Muitas confusões ocorrem com o uso desse termo. De um modo geral, o seu uso é irrestrito e aplicado conforme a natureza de quem o aplica. Geralmente o termo é utilizado em coisas que denotem conjunto e movimento, como a natureza, as cidades, campos férteis dentre outras. Jean Tricart trabalhou conceitualmente esse termo de maneira que sua aplicação em Geografia seja precisa e possa representar o que realmente sua proposta representativa quis dizer, inclusive, a expressão sobre o uso indiscriminado da palavra paisagem lhe compete . O conceito por ele sugerido pode ser aplicado ao termo paisagem, quando se busca representar um ambiente enquanto uma unidade, assim sendo, paisagem é “uma porção perceptível a um observador onde se inscreve uma combinação de fatos visíveis e invisíveis e interações as quais, num dado momento, não percebemos senão o resultado global” (id. 1982, p.18). Desse modo, nossa área de estudo compreende esses aspectos, pois, em um dado momento na unidade pesquisada, apenas temos como apreender o resultado global.




Território


A ênfase ao termo território se dá devido à inserção da paisagem abordada localizar-se em territórios estabelecidos. O estabelecimento de tais territórios é percebido através de limites preestabelecidos, delimitado por cercas. O conceito de território usado nesta pesquisa tem como referência o proposto por Rafesttin (1983, p.143), que diz ser o território “o resultado de uma ação conduzida por um ator sintagmático (ator que realiza um programa) em qualquer nível. Ao se apropriar de um espaço concreta ou abstratamente (por exemplo, pela representação), o ator territorializa o espaço”. Observamos então na nossa área de estudo uma apropriação, tanto por parte do IBAMA, na REBIO quanto por parte dos agricultores no seu entorno. A paisagem ali está inserida e confinada por cercas fronteiriças.



Vulnerabilidade


Vendo a paisagem como um sistema, em que ocorre a todo instante um incomensurável fluxo de trocas entre seus componentes, suscita-se a idéia da estabilidade desse sistema. Quando se pensa em estabilidade, envolve-se também ao aspecto o equilíbrio e seu antônimo. Vendo a paisagem como um sistema passível de se desestabilizar, devido ao contexto que o envolve, temos, nesse processo, elementos que podem exercer uma alteração no fluxo, incidindo num descompasso do sistema, levando-o ao desequilíbrio. Com a estabilidade comprometida, o ambiente torna-se vulnerável. Essa vulnerabilidade, segundo Drew (1986, p.26), ocorre num elo fraco do sistema. Conforme o Autor, o elo fraco se rompe quando se impõe nele uma pressão maior que sua capacidade de resistir ou se adaptar, e isso está ligado ao tempo em que ocorre a força tensionadora, sua intensidade, magnitude e freqüência. Vulnerabilidade é, pois, o ponto de fraqueza; o ponto em que há maior susceptibilidade de se romper durante uma anomalia, que pode ser natural ou artificial. As relações entre intensidade, magnitude e freqüência, num determinado elo passível a se romper, isto é, vulnerável, denotam as possibilidades de desestabilização da harmonia desse ambiente. O uso desses conceitos na leitura da paisagem, na REBIO, está referenciado a partir da teoria “Ecodinâmica”, proposta por Tricart (1977).

O uso da teoria talvez seja uma das partes mais importantes do trabalho científico, pois dela se obtém a sustentação para se inferir, refutar ou acatar uma proposição hipotética. No nosso caso, o uso da teoria serviu para aplicação e testagem enquanto concepção para se interpretar o objeto de estudo.

A vulnerabilidade do ambiente foi vista pelos indicadores que a teoria Ecodinâmica propõe, que são a morfogênese e a pedogênese. Por morfogênese se compreende a ação formadora do relevo em si e por pedogênese, se compreende a ação formadora dos solos (Cf. Morfogenia e Pedogenético, Guerra, 1980). Essa ação formadora se desenvolve na paisagem através de fatores os quais buscamos assimilar neste trabalho, que são as evidências dos eventos na paisagem.


1.3 Procedimentos metodológicos

Iniciamos a primeira etapa da pesquisa com a delimitação da área entre o rio Mamanguape e o rio Camaratuba, a partir do levantamento de documentação iconográfica, lançando mão de cartas topográficas, publicadas pela SUDENE em escala de 1:25000 de 1974, que são fruto de aerolevantamentos efetuados entre 1970/71. Essas cartas tem DATUM horizontal em Córrego Alegre-MG e vertical em Imbituba-SC. Utilizamos as folhas SB.25-Y-A-V-2-SE e SB.25-Y-A-V-2-SO. Foi feita nessas forlhas a sobreposição do território da REBIO Guaribas, cujas informações foram extraídas do Plano Emergencial de Manejo de 1995. Posteriormente efetuamos uma nova delimitação com base no Decreto N° 98.884 de 25 de janeiro de 1990 que cria a REBIO. Algumas diferenças foram constatadas entre os dois limites, porém, como nossa ênfase não estava em delimitar com precisão esse território e sim procurar evidências de vulnerabilidade no ambiente ali inserido, a noção de proximidade já nos permitiu trabalhar sem comprometimento. Acabamos por utilizar os erigidos por GPS na investigação de trilhas e caminhos na REBIO efetuada em 1997. O modelo utilizado foi um GARMIM 45 com conexão ao micro computador. Após recuperarmos os dados relativos a esse levantamento de trilhas e limites, iniciamos uma pesquisa bibliográfica sobre questões relativas à área, destacando as sub-bacias e micro-bacias no interflúvio selecionado. Muitas foram as sugestões para que utilizássemos as bacias hidrográficas como unidade territorial para esta pesquisa, porém preferimos deixar tais sugestões para estudos posteriores. Na etapa seguinte demarcamos os divisores de águas e bacias com base nas curvas de nível. Nessa etapa, embora já estivéssemos com as cotas e curvas digitalizadas, preferimos delimitar as bacias e divisores por processo não automatizado, ou seja, no próprio programa, visualmente, e fundamentados nas informações topográficas traçamos tais delimitações.



Acerca dos dados de relevo


Para verificação dos pontos em que estão ocorrendo pedogênese e morfogênese, lançamos mão primeiramente da teoria Ecodinâmica, que nos forneceu com as informações necessárias ao que iríamos procurar e quais ferramentas e técnicas que poderiam ser utilizadas. Pelo fato das exemplificações da Ecodinâmica se referirem a áreas maiores do que a estudada, adequamos nossa escala de trabalho ao que Tricart citado em Penteado (1983) descreve como grandeza de 5ª ordem. Essa grandeza é relativa a estudos de relevo efetuados em cartas na escala de 1:20000, onde a erosão tem papel fundamental.

Utilizamos uma imagem orbital e aerofotolevantamentos, como fontes secundárias de dados, os documentos relativos a essa etapa envolvem uma imagem SPOT Base 732, Ponto 363, Quadrante shift 3 datando de 20.07.1991 tanto em formato digital (TIFF) quanto em papel para análise visual, e aerofotos de 1969, efetuadas pela Força Aérea Brasileira, além de sobrevôos na área (um efetuado em 1998 e outro, em abril de 2002) pelo Setor de Informações Geográficas Aplicadas do LGA/DEGEOC.

O uso da imagem nos permitiu gerar, em conjunto com as informações de altimetria, modelos visuais para análise. Por ser no relevo a ocorrência do nosso principal objeto de estudo, as informações de altimetria se tornaram essenciais.

As informações altimétricas usadas foram geradas a partir do Modelo Numérico do Terreno – MNT – da área. O procedimento para gerar esse produto foi pautado no manual do Sistema de Processamento de Informações Georreferenciado – SPRING, em que iniciamos o processo com a importação dos dados altimétricos, até então eles estavam apenas em um software de CAD. Ainda no ambiente CAD foi feita uma leitura para averiguação de possíveis enganos relativos à digitalização. A entrada dos dados se deu em uma mesa digitalizadora com área útil de 18x12”, acurácia por volta de 0.01 polegadas e resolução em torno de 2540 linhas por polegada (especificações do manual técnico). Corrigimos as linhas que quando muito próximas foram cruzadas no momento da sua digitalização ou cotas que foram digitalizadas e não tiveram seu valor altimétrico associado. No ambiente do SPRING as isolinhas com suas respectivas cotas mais os pontos cotados, foram importadas para Planos de Informação diferentes, cuja categoria conceitual relativa é o Modelo Numérico de Terreno. Com esses dados foi possível gerar uma grade retangular pelo cálculo da média ponderada por cota e por quadrante, o manual do SPRING sugere essa operação para amostras do tipo isolinha. Foi gerada também uma grade pela média ponderada por quadrante, com os dados do Plano de Informação das amostras de pontos cotados, seguindo também a sugestão do manual.

Apesar de geradas essas grades retangulares, uma Grade Triangular obtida das amostras do tipo isolinhas foi mais aproveitada para nossa pesquisa. Esse TIN, do tipo Delaunay, foi gerado sem linhas de quebra e com tolerâncias de 10 metros entre as isolinhas, para alcançarmos uma menor aresta do triângulo, deixamos o valor em 1.6 metros, que é o valor default para a operação. Usamos o modelo de triangulação de Delaunay pelo fato do manual do SPRING alertar que essa técnica é mais adequada para análises em que a preservação dos valores de altimetria é necessária. Após bom tempo de processamento, obtivemos o TIN e dele originamos uma nova grade retangular.

Essa nova grade retangular foi obtida através do interpolador quíntico sem linha de quebra. Como necessitávamos gerar uma representação condizente com o relevo do quaternário, seguimos a orientação do manual para o uso desse interpolador, pelo fato do seu resultado ser mais suave, como é o relevo em que os fenômenos que buscamos ocorrem. Dessa grade elaboramos uma imagem em Nível de Cinza e uma imagem Sombreada. A interação das duas imagens que destacam a área da REBIO podem ser vistas na Figura 2.



Figura 2: Relevo da REBIO Guaribas representado a partir de imagens Nível de Cinza e Sombreada frutos de MNT. O canal Vermelho foi jogado na imagem NC e o Verde na imagem Sombreada que foi filtrada por passa-baixa-média. Em preto estão os limites e a rede de drenagem, em azul.


A visualização 3D da grade retangular gerada do TIN pode ser observada na Figura 3. A imagem que recobre o modelo é do tipo sintética, fruto de operações de realce entre as imagens citadas acima mais o uso do canal AZUL.



Figura 3: Visualização 3D do MNT da REBIO Guaribas. Exagero vertical 0.2, elevação do modelo em relação ao plano em. 30° e azimute em 175°.



Acerca dos dados climáticos


O dados utilizados neste estudo, relativos às observações climatológicas, são provenientes das observações do posto de meteorológico de Mamanguape, e do Laboratório de Energia Solar e do departamento de Ciências Atmosféricas, os dois últimos pertencentes ao campus I e II da UFPB, respectivamente. Utilizamos também os dados trabalhados por Araújo (2000), em estações experimentais em pontos da UFPB.

O uso dos dados climatológicos neste trabalho apresentaram maior ênfase na caracterização do ambiente e não foram aplicados em nenhum momento em Álgebras de Mapas. Os dados, de pluviometria e evaporação foram correlacionados, grosso modo, na tentativa de se fazer um balanço para demonstração da suscetibilidade ao déficit hídrico em solos desnudos (entende-se por déficit hídrico a evaporação maior que a precipitação (dh=e>p), tomando como referência Arthur Strahler que diz: “déficit hídrico [balanço hídrico] Diferencia entre la evapotranspiración potencial [requerimientos de agua] y la evapotranspiración real [agua utilizada] que representaría la cantidad de agua que debería mantener al máximo exponente el crecimiento vegetal” - 1994, p. 513).



Acerca dos dados de vegetação


O mapa de vegetação do qual lançamos mão, é o mapa trabalhado por Barros em sua Monografia de Graduação, que sucede de uma verificação da dinâmica da vegetação iniciada em 2000, num trabalho intitulado A paisagem florestal na reserva biológica Guraribas no ano de 1970, cuja dinâmica está sendo verificada até datas mais recentes, em sua Monografia de Graduação. Importamos os dados relativos a vegetação em 1991 que foram classificados visualmente por Barros para nosso sistema, e comparamos com uma classificação automática da amostra digital SPOT, também de 1991, que fizemos.

A classificação digital foi executada através do algoritmo de MAXVER, que “vem do método estatístico de Máxima Verossimilhança, e é o método de classificação ‘pixel a pixel’ mais comum. Considera a ponderação das distâncias entre médias dos níveis digitais das classes, utilizando parâmetros estatísticos” (Manual on-line do SPRING Versão 3.5.1, © 2001). Foi feito o treinamento para essa classificação, ao partir da definição de grupos de pixels nas classes de vegetação adotadas por Barros (2000). Não houve aprofundamento nas técnicas de Classificação Automática para depuração dos dados extraídos das operações com as imagens, pois o nosso objetivo não é o de estudar a vegetação em si, mas principalmente localizar no espaço estudado as classes de vegetação ou zonas sem vegetação. A classificação digital nos deu suporte na identificação mais depurada de pixels associados à vegetação, ou falta dela em áreas de difícil acesso como é o caso do núcleo da REBIO.

A partir dos resultados obtidos (tanto na classificação digital como nos valores cedidos por Barros) elaboramos um mapa, no qual tentamos retratar a situação de cobertura vegetal.



Correlacionando dados de relevo e vegetação


A partir do TIN obtido, um produto demonstrando a declividade do relevo pôde ser gerado. Esse produto é uma grade com valores dos ângulos entre a inclinação do relevo com o plano horizontal. Adotamos a representação em ângulos em vez de porcentagem para esse estudo devido ao fato de termos classificado e analisado a declividade do relevo na proposta em que

“As encostas naturais que possuem uma camada contínua de solo podem apresentar-se em todos os ângulos inferiores a 40°. ... sendo observado certos ângulos característicos”, e que em, “Investigações realizadas em vários meios demonstram que os ângulos de encostas mais comuns são os de 45°, 40°, 37°, 31° a 32°, 26° a 27°, 19° a 20°, 13°, 10°, 7°, 5° e 2°, bem como planuras de 1 ½ a 2°, são considerados penhascos as encostas que apresentam ângulos superiores a 50°” (Bunting, p.90, 1971).

Com a grade de declividade estabelecida, aplicamos uma Álgebra de Mapas para correlacionar o relevo (declividade) e vegetação. A seqüência de instruções em LEGAL (Linguagem Espacial para Geoprocessamento Algébrico) utilizada para efetuar essa operação pode ser vista na Figura 4.



Figura 4: rotina em LEGAL que efetua operação entre os mapas de vegetação e declividade para se obter áreas de instabilidade.


O mapa de vegetação foi classificado em áreas sem vegetação, áreas com vegetação arbustiva, área com vegetação arbórea e área com vegetação herbácea (ver Figura 5).


A operação visou classificar em um novo Plano de Informações as seguintes situações de referência Ecodinâmica:


1. Meio instável, obtido a partir de áreas com Vegetação Herbácea ou Sem Vegetação e com declividade do relevo igual ou superior a 12°;

2. Meio-estável, obtido a partir de áreas com Vegetação Arbórea ou Vegetação Arbustiva e com declividade do relevo menor ou igual a 2.9°;

3. Meio-intergrade, obtido a partir de áreas com Vegetação Arbustiva, ou Vegetação Herbácea, ou Vegetação Arbórea e com declividade do relevo no intervalo de 3° a 11.9°.

A atribuição das condições descritas na seqüência anterior não está explícita de forma sintética na Teoria Ecodinâmica e a atribuição das condições e valores para classificação não foi aleatória. O embasamento está na relação que conseguimos abstrair dos conceitos abordados nos diversos referenciais que lançamos mão para executar este trabalho. Estabelecemos então um padrão de operações para darmos continuidade à nossa análise. No futuro esse padrão poderá se adequar mais rigorosamente em nível numérico e condicional, a contento das técnicas utilizadas para mensuração, e também de acordo com a interpretação mais apurada da Teoria Ecodinâmica para classificação dos ambientes.



Figura 5: Mapa de vegetação da REBIO Guaribas em 1991. Adaptado de Barros (2002).


O resultado entre a Álgebra dos Mapas de Vegetação e Declividade pode ser visto na Figura 6, e os pontos que consideramos para análise estão destacados e identificados no interior de circunferências. Esses pontos serão discutidos na segunda parte deste trabalho.



Figura 6: Mapa de classificação de estabilidade do meio. Destacando-se as áreas analisadas.


2.1 Área de estudo – características geográficas

Para caracterização geográfica da área em estudo, definimos primeiramente os itens das categorias Paisagem e Território. Com relação à paisagem foram definidos os conjuntos atmosférico, hidrosférico, litológico e biótico que estão representados na Figura 6, partir da proposição de Strahler (1994, p. 39), (como representado na Figura 7). Para o estudo territorial da REBIO, a caracterização ateve-se a sua função como área de conservação, e essa situação diante do fluxo de matéria e energia entre interior e exterior das áreas delimitadas.



Figura 7: Representação dos conjuntos que compõem a paisagem, segundo STRAHLER.


O conceito paisagem enquanto categoria nos dá segurança para iniciarmos a leitura interpretativa do lugar. Procuramos fugir um pouco do conceito paisagem, visto sob ótica subjetiva, que a considera como tudo aquilo que se descortina diante dos nossos olhos, ou seja, ficando a critério de cada intérprete designar a paisagem como sendo fruto de uma interpretação pessoal, por isso subjetiva. Tricart postula que “o conceito científico de paisagem abrange uma realidade que reflete as profundas relações, freqüentemente não visíveis, entre seus elementos” (1982, p. 15). ressaltando que “Uma paisagem é uma porção perceptível a um observador onde se inscreve uma combinação de fatos visíveis e invisíveis e interações as quais, num dado momento, não percebemos senão o resultado global” (id. ibidem). O conceito de paisagem proposto por Tricart, indica como sendo científico quando é visto a partir do momento em que o observador tenta perceber a combinação dos fatos inscritos num dado momento e lugar, não deixando de observar também as interações. Nessas condições se estabelece efetivamente o conceito de sistema, pois a interação entre elementos constituintes de um dado fato, que é um conjunto bem estabelecido, transforma-se no que consideramos paisagem.



Conjunto atmosférico na paisagem da REBIO GUARIBAS: uma aproximação


No âmbito do conjunto atmosférico, a compreensão do regime climático é a chave para se ponderar sobre a vocação e as possibilidades de uso e ocupação de um determinado lugar, devido ao clima interferir como intempéries ao conjunto litológico, ou como recurso ao conjunto hídrico, ou ainda como veículo dos ciclos biogeoquímicos do qual o biótico necessita. A caracterização do clima na área estudada, na classificação de Köppen é AS’ (quente e úmido) e na classificação bioclimática de Gaussen é 3dTh e 3cTh, ou seja, submediterrâneo ou nordestino sub-seco e mediterrâneo ou nordestino quente de seca atenuada, respectivamente, conforme o ATLAS Geográfico da Paraíba (1985).


Para uma compreensão mais específica da condição climática, consideramos os seguintes componentes: insolação, radiação solar; temperatura; pressão; ventos; chuvas, umidade e nebulosidade. Cremos ser conveniente citá-los para uma melhor caracterização da área em estudo.

A insolação, conforme o Atlas, situa-se entre 2800 e 2900 horas/ano (op. cit.). A quantidade de horas que esse ambiente recebe a luz solar, em termos de radiação, denota uma ampla questão energética. Essa energia, proveniente da radiação eletromagnética emanada pelo sol, transforma-se em energia térmica ao manter contato com a matéria, e pode ser também utilizada na produção de potência, provendo além da fotossíntese e intemperismo para o ambiente natural, o uso para aquecimento de água, ou transformação dela em energia elétrica por células fotovoltaicas para diversos fins, no provimento de uma melhor qualidade de vida do ser humano. Caracterizamos a área com dados de radiação coletados na estação climatológica do Laboratório de Energia Solar, LES Campus-I, por não termos outros específicos do local pesquisado. De acordo com a Figura 8, adaptada de SELLERS in AYOADE (1986, p. 35), a radiação terrestre não difere muito em latitudes tão próximas ao equador no âmbito terrestre e, para fins de caracterização da área, essa diferença não interfere muito. João Pessoa está localizada por volta da latitude de 7°07’S e a REBIO por volta dos 6°42’S. A questão que surge neste processo análogo é a da cidade de Campina Grande (7º13' S), que numa latitude aproximada a de João Pessoa mostra uma menor irradiação (ver Figura 9). Esse fato se dá pelas condições climáticas dependerem de fatores como repartição terra/mar, pela posição continental e pelo relevo da área, que influi também na nebulosidade. No caso, João Pessoa se encontra no litoral, e a área estudada está a uns 40Km aproximadamente do mar; já Campina Grande, apesar da proximidade latitudinal, encontra-se a 130Km do mar e no planalto da Borborema, a aproximadamente 500 metros acima do Nível Médio do Mar. Essa formação interrompe a passagem dos ventos tornando a área relativa a essa formação sempre encoberta por nuvens.



Figura 8: Distribuição da radiação terrestre (faixa do infravermelho) em Quilolangleys/ano por latitude. Adaptação a partir de SELLERS, Physical Climatology(1965) in AYOADE (1986).



Figura 9: Comparação da irradiação global entre Campina Grande e João Pessoa a partir da média anual das médias mensais. Fonte: Departamento de Ciências Atmosféricas, UFPB.
Fonte: http://www.dca.ufpb.br/clima/rg.html.


A média anual de radiação solar em João Pessoa no ano de 2000 girou por volta das 410.235cal/cm²/ano, e em 2001 esteve por volta de 453.419cal/cm²/ano, conforme dados coletados no LES. Esses valores quando interpretados na possibilidade de serem transformados em energia elétrica, e correlacionados com a disponibilidade dessa energia na área cuja insolação é alta (ver insolação no início do parágrafo anterior), impressiona enquanto possibilidade de uso na economia. Porém, como diz Bezerra (1979, p.17), o “problema maior da energia solar reside no fato de ser difusa por natureza. Por esta razão os processos de captação e conversão existentes são via de regra onerosos”. É interessante considerar o uso dessa energia como alternativa para essa região, tanto na agricultura como nas comunidades. Outro item climático, a temperatura, decorrente da radiação devido ao atrito dos raios solares com as moléculas que por esses raios são interceptadas, tem importância biogeográfica além de diferenças de temperatura em uma determinada área diferirem a pressão, o que permite o deslocamento de massas de ar. A temperatura média anual, de acordo com o Atlas Geográfico da Paraíba (1985) gira em torno dos 27-28°C – esse é um fator importante para espécies que ali se encontram. Quanto à pressão, não dispomos de valores específicos da área. Porém, como a área estudada abrange pontos cuja altimetria compreende-se entre 200m e 30m em relação ao Nível Médio do Mar, é possível fazer uma correlação grosso modo com João Pessoa, cuja estação que comparamos está a 40m do NMM e gira em torno dos 1013mb. A pressão no fator da circulação das massas é essencial, entretanto, em nível de caracterização elementar, como o que estamos realizando, não há necessidade de detalhes de isóbaras, haja vista que a variação climática no âmbito da área estudada provém de um sistema de circulação mais amplo, que depende principalmente do comportamento dos oceanos.

Quanto aos ventos que circulam na área, estes têm direção predominante de sudeste, e ao longo do ano sua ocorrência também é de leste e de sul. A velocidade média está em torno dos 2,6m/s. Os alísios de sudeste são os principais deslocamentos de massa que atingem a área estudada. Quanto ao regime das chuvas, o Atlas Geográfico da Paraíba evidencia que a área tem entre 2 e 3 meses de seca e com precipitação média anual entre 1600mm e 1800mm, com variabilidade das precipitações por volta dos 30mm/ano. Já em relação à umidade relativa, dados os quais não temos ali coletados, deduzimos ser essa área relativamente úmida, pela proximidade do mar e pelo baixo número de meses com estiagem, além de a área abrigar uma grande extensão florestal, que favorece uma umidade no seu interior e entorno próximo. Em João Pessoa a umidade média obtida das coletas no LES, no ano de 2000, foi de 78.26%, segundo o Atlas esse valor para João Pessoa gira em torno de 80-85%. Quanto à nebulosidade, ainda de acordo com o Atlas, está por volta dos 6/10 a 5/10 do céu.



Conjunto hídrico pertinente à paisagem contida na REBIO GUARIBAS


O conjunto hídrico foi interpretado a partir do escoamento superficial, segundo Rosa (2001), ele pode ser visto como a drenagem em uma bacia hidrográfica que conduz as águas de enxurradas torrenciais, que são efêmeras, para o leito dos riachos e rios, sendo estes perenes ou temporários. Neste sentido a rede de drenagem é diretamente proporcional tanto ao volume da precipitação como também à litologia e ao desenho geométrico da topografia do terreno contido no território da REBIO GUARIBAS. A bacia hidrográfica passa a ser elemento importante do conjunto topográfico, pois esta é a unidade receptora das águas pluviais. A partir dessas observações estabelecemos como estas unidades, as bacias, “podem ser desmembradas em sub-bacias”, como destacam Guerra e Cunha (1994, p. 98), e estas em micro-bacias.

A rede de drenagem contida no território da REBIO GUARIBAS, escoa pela vertente direita desaguando no rio Camaratuba. Ela é constituída efetivamente de três sub-bacias e uma micro-bacia, todas significativas: Brejinho Visgueiro; Barro Branco e Caiana, ficando a micro-bacia para o riacho Água Vermelha; dentre estas, a sub-bacia de maior destaque é a do rio Caiana, pois além da área ser maior este rio contém um tributário de elevado caudal para os níveis do lugar, que é o rio Pipina.

A definição de sub-bacia é decorrente de uma distribuição pautada na classificação hidrográfica, proposta por Strahler citado em Christofoletti, que “elimina o conceito de que o rio principal deve ter o mesmo número de ordem em toda a sua extensão e a necesidade de se fazer a numeração a cada confluência” (1980, p. 107), ou seja, cada canal em potencial é uma micro-bacia componente do sistema hidrográfico. Podemos compreender melhor esse processo de classificação da hierarquia fluvial, de acordo com o trecho abaixo, extraído de Bertoni e Lombardi Neto (1990, p. 338), podendo ser visto na figura 10, onde afirmam que:

“A classificação possibilita o entendimento da dinâmica global do sistema hidrográfico e a identificação das unidades que o compõem. Cada subsistema pode ser decomposto em unidades menores até que se possa chegar a unidade espacial mínima, designada de MICRO-BACIA HIDROGRÁFICA” (grifo nosso).

Destacam ainda os autores que “os trabalhos em micro-bacias hidrográficas pretendem integrar os interesses de todos os segmentos da sociedade em termos de abastecimento” (ver Figura 11) (Id, p. 334).



Figura 10: Hierarquia fluvial em uma bacia hidrográfica hipotética.
Adaptado de Bertoni e Lombardi Neto (1990).


Rosa estudou mais especificamente a sub-bacia do rio Caiana e tem informações que fortalecem nossa interpretação sobre aquele ambiente, e por analogia nos pautamos para indicar que o mesmo fenômeno, que atua sobre a sub-bacia do rio Caiana, passa a atuar também sobre as demais sub-bacias adjacentes. Neste caso

“A sub-bacia do rio Caiana (...), tributário da margem direita do baixo rio Camaratuba, dispõe-se sobre terrenos do grupo Barreiras, cuja litologia de material sedimentar acaba por permitir o entulhamento dos vales pela erosão fluvial, sendo esta decorrente da interrelação de diversos fatores conjunturais. Como o sistema natural é um sistema aberto, a entrada da matéria água se faz pela precipitação e, a mesma nesta região apresentou-se irregular, havendo uma forte concentração no mês de maio; e os demais meses houve uma certa regularidade (ver Quadro 1 e Figura 12). No entanto, o total pluviométrico nos meses observados (janeiro a outubro de 1999) foi de 650.5 mm, mas se não houvesse a forte precipitação em maio, esse índice cairia de forma significativa, denotando assim, para um lapso temporal, uma situação bem próxima a semi-árido. Mas essa irregularidade, com concentração de chuva, acaba por se tornar “um dos fatores climáticos de maior importância na erosão dos solos. O volume e a velocidade da enxurrada dependem da intensidade, duração e freqüência da chuva. A intensidade é o fator pluviométrico mais importante na erosão” (Bertoni e Lombardi Neto, 1990: 45). O destaque para o elemento chuva acaba por apresentar essas duas variáveis importantes para o subsistema rio Caiana. Primeiro é a reposição do estoque hídrico para o abastecimento tanto das formas naturais preservadas no território da REBIO, como também o abastecimento doméstico e de irrigação. Já em um segundo momento, as precipitações irregulares e concentradas têm sua ação modeladora do relevo, deslocando erosivamente o solo desnudo, tanto na forma laminar quanto na forma vertical provocando as voçorocas e consequentemente os vales. A matéria água passou a ser o destaque devido a essas duas variáveis: EROSÃO e RECURSO” ROSA (2000, p. 44-5) (No trabalho original o quadro está indicado como ‘1’ e a figura como ‘9’).



Pluviosidade Ano: 1999


Quadro 1: Dados pluviométricos do posto de Mamanguape. Adaptado de ROSA (2000, p. 45).



Figura 11: Gráfico das precipitações – posto de Mamanguape, ano 1999.
Adaptado de ROSA (2000, p. 46).


Conjunto litológico em que está assentado o território da REBIO GUARIBAS


O conjunto litólico é o complexo geológico que contempla toda a estruturação, indo da composição das rochas e dos solos até a resistência destes em relação às intempéries. Observando o ATLAS Geográfico do Estado da Paraíba (obra de referência a que nos pautamos para entender melhor a conformação da zona compreendida entre o Planalto da Borborema, os Baixos Planaltos Costeiros e as áreas de Planícies Sedimentares, referentes aos terraços fluviais, flúvio-marinhos e às áreas de sedimentação costeira), pudemos ver que o relevo referente aos Baixos Planaltos Costeiros está assentado sobre uma litologia denominada de Grupo Barreiras, sendo constituída de material de formação diversa e material sedimentar em consolidação.

O Relevo sobre o Grupo Barreiras passa a ter uma característica determinada por um conjunto complexo de elementos e fatores, tanto litólicos quanto climáticos, hídricos e bióticos. O Grupo Barreiras é o suporte de um planalto cujo material é de origem sedimentar, ainda não consolidado, e os sedimentos são mal selecionados e com nítida predominância das frações areia e argila. Esse material é que sustenta o relevo e se encontra sobre e entre os tabuleiros e os vales encaixados, cuja drenagem vai sulcando os vales a partir dos interflúvios bem aplainados. Por ser o pacote que constitui o Barreiras, de material em consolidação e com predominância de frações de areia e argila, podemos dizer que este pacote é bastante vulnerável às ações intempéricas, principalmente as de alta magnitude, como chuvas intensas e, se por um outro lado, o corpo vegetal não está presente, a vulnerabilidade aumenta e a morfogênese torna-se mais ativa, principalmente nas vertentes.

As áreas planálticas, que fornecem material para planícies vão sendo moldadas lentamente, ou aceleradamente conforme a vulnerabilidade que o conjunto litólógico apresenta. Em uma bacia, dependendo da sua rugosidade e falhas na cobertura vegetal nas suas vertentes, a ação mecânica da água pode ser potencializada. Por rugosidade de uma bacia compreendemos como sendo a combinação das “qualidades de declividade e comprimento das vertentes com a densidade de drenagem” Christofoletti (1980, p. 121).

Em uma bacia com rugosidade acentuada, isto é, uma bacia que contém canais com gradiente de declividade com valores elevados e comprimento no canal de escoamento curto, além de uma grande densidade de canais, o fluxo da água pluvial, quando não encontra o bloqueio na vegetação ou na serrapilheira (que para existir depende da vegetação), acaba tendo sua força erosiva concentrada nos caminhos a jusante. Como estes são curtos e com grande diferença altimétrica, conduzem o fluxo hídrico para o canal fluvial principal, que recebe grande parte do corpo d’água que não se infiltrou no transcorrer do caminho.e quanto maior a densidade da de canais na bacia, maior o fluxo levado ao canal principal e maior a possibilidade erosiva, principalmente se a precipitação for de alta magnitude, isto é, um alto volume precipitado em um pequeno intervalo de tempo.

Como não adotamos a bacia como unidade para operações neste trabalho e sim os limites da REBIO, preferimos não extrair numericamente o índice de rugosidade, pois não teríamos um parâmetro natural como delimitador de área.



Conjunto biótico: os indivíduos pertencentes ao corpo vegetal


Uma visão panorâmica da massa foliar da população vegetal é necessária ao estudo em questão, posto que essa situação não deve ser vista apenas como um elemento do conjunto biótico, mas sim como um fator fundamental para se estabelecer a compreensão da pedogênese/morfogênese na paisagem contida no território da REBIO GUARIBAS.

Considerando que a população vegetal está em processo de recuperação, devido aos antecedentes extrativistas que ali ocorreram, a mata está se restabelecendo naturalmente, conforme informações orais dos funcionários da REBIO. Há ainda resquícios desse tempo vistos em marcas de ocupação. Marcas deixadas por vias de tráfego relativamente intenso dos caminhões madeireiros. Um outro elemento de muito valor para observação da regeneração da Mata está relacionado ao grande número de população vegetal, que tem a característica de madeira mole, como referem os guardas da REBIO. Essa madeira é vulgarmente conhecida como Embaúba.

A cobertura vegetal mais densa encontra-se nos vales fluviais, e chega até as bordas das bacias. Na SEMA II essa é uma ocorrência bem nítida pois, se observarmos na Figura 13, da borda da bacia rumo às encostas, há um indicativo de que estas são bem povoadas pela vegetação florestal e que são áreas compreendidas nos interflúvios. A disposição da vegetação nesta geometria de relevo, isto é, na borda superior do vale, denota o papel fundamental que esta população tem para com a pedogênese, pois contribui para a formação da serrapilheira, tanto no interflúvio como nas encostas e, fundamentalmente, no fundo dos vales. O acúmulo de material residual formador da serrapilheira, quando entra em estado de decomposição provê o enriquecimento de nutrientes bioquímicos para o solo. Essa camada enriquecida, no caso, a liteira, permite que a umidade do solo seja mantida, além de proteger os nutrientes minerais que não ficam expostos e sujeitos à lixiviação.



Figura 12: Vegetação mais opulenta nos vales do rio.
(Foto: Conrad R. Rosa, abril de 2002).


Por outro lado a vegetação que se encontra nos limites, ou seja, na borda do território da REBIO sofre uma interrupção abrupta (Figura 14), pois o término desta população se faz com um corte vertical e instalação imediata de cerca, demarcando os limites entre propriedades que logo iniciam aceiros, ou estradas, ou uso intensivo de agricultura em ritmo comercial. A faixa de transição, aceiros ou estradas, fica desprovida do corpo vegetal, elemento este que é um dos principais agentes para formação e enriquecimento dos solos. Observamos então que os limites artificiais impõem uma situação de ruptura agressiva na descontinuidade da extensão da população vegetal. Este fato denota ainda que não há uma transição atenuada que possa absorver os impactos externos e proteger a contento o espaço interno do corpo florestal.



Figura 13: Interrupção abrupta da população vegetal sem nenhuma agente atenuador.
(Foto: Conrad R. Rosa, abril de 2002).


Na SEMA I, temos também a presença de tabuleiros onde predomina a vegetação arbustiva, comumente denominada de cerrado. Nesta área há uma grande superfície com corpos vegetais compostos de gramíneas. As áreas tabulares, que são áreas que chegam a ser verdadeiras planuras (menos de 2º de declividade), contam com a presença cajueiros e mangabeiras. Essa vegetação tem a peculiaridade de ter frutos apreciados e com valor comercial, peculiaridade que incide em uma atividade não prevista pela legislação e define o território da REBIO Guaribas como Unidade de Conservação, ou seja, a população circunvizinha tem nas épocas de frutificação um filão para uma outra atividade extrativista, e neste caso é a coleta de frutos. Este passa a ser um fator também de muito impacto nas áreas exploradas (em toda extensão dos conjuntos naturais ali inseridos), pelo fato de haver uma coleta de cunho comercial que não observa o processo sistêmico ali existente, pois os fruto fazem parte do feedabck natural para a recomposição do corpo florístico. Por isso, a REBIO é um território que não deve ser manuseado, sendo então essas atividades consideradas ilegais.



Território: categoria que delimita artificialmente a área como Unidade de Conservação


A Geografia como ciência se pauta em diversos conceitos oriundos de outras ciências, como por exemplo a categoria Espaço e Lugar, que tem sua origem na Matemática, principalmente na Geometria. No entanto a inter-relação de fenômenos com o ambiente ocupando lugar no espaço dá uma conotação que extrapola a abstração geométrica, tendo neste momento a aparência de paisagem, pois o sentido físico permite que haja interesse de apropriação do lugar, que é favorecido pela capacidade de delimitação da área contida naquele espaço, dando-lhe assim configuração de Território.

A delimitação territorial da REBIO apresenta-se como uma maneira legal de proteger o que ali está inserido. Essa proteção, por sua vez, torna o fluxo de matéria e energia entre o núcleo da Unidade de Conservação – UC, com o seu exterior um tanto deficiente, pois o cerceamento, como já foi abordado anteriormente, tenta submeter os processos naturais entre interior e exterior a uma situação artificial, em que o território passa a ser uma unidade apartada do contexto exterior. Por um lado, essa proteção realmente classifica o que está ali inserido como algo diferente do entorno, porém essa classificação, que é algo abstrato, não prevê a unidade territorial como um elo do fluxo contínuo, que é a natureza. O território fica então ilhado, sem uma interação equilibrada com o que está além das cercas.


2.2 Morfogênese e pedogênese – indicadores de vulnerabilidade

Nesta fase analisamos as áreas detectadas como áreas críticas, com mostra a Figura 5. As áreas identificadas como A e B foram separadas com o propósito de cada uma, individualmente, ser analisada dentro do arcabouço teórico-conceitual proposto. Apesar deste trabalho tratar apenas da vulnerabilidade no interior da REBIO, podemos inferir que seu entorno está bastante suscetível a problemas ligados à erosão. O entorno da REBIO, que é uma área essencialmente agrícola, está sujeito a perda de material devido à pouca prática de manejo e conservação. Em seu entorno existem áreas que já apresentam erosão, e “na zona limítrofe entre a REBIO e sua vizinhança, é nítida desestabilização ambiental devido ao corte brusco da vegetação florestada, pois houve a substituição desta por processos agrícolas cujo solo, em muitos momentos ficar desnudo” como aponta Rosa (2001) (ver Figura 15).



Figura 14: Processo de Erosão no entorno da REBIO (em destaque). Ao fundo a REBIO com vegetação mais densa. (Foto Conrad R. Rosa – 1999).


Analisando a área A

A área identificada como A, na SEMA II, está aproximadamente a 177 metros acima do NMM. Essa área corresponde a um divisor de águas entre duas micro-bacias, porém micro-bacias que alimentam duas grandes bacias que estão alinhadas paralelamente (ver Figura 16), ou seja, não fazem parte do mesmo complexo. Por essa área passa a estrada que liga a BR-101 à cidade de Jacaraú, tendo de um lado a vertente que drena para o rio Mamanguape e do outro, a vertente que drena para o rio Camaratuba. Os rios e riachos que compõem as micro-bacias as quais nos referimos têm suas cabeceiras próximas, mas conduzem suas forças erosivas para lados opostos, como mostram as Figuras 17, 18 e 19. Essas Figuras representam partes da área e dos perfis longitudinais dos rios e parte da área entre eles, sendo que dois desses canais drenam a água para a bacia do rio Mamanguape através do riacho da Pedra Preta e o outro, que é o canal que alimenta a bacia do rio Camaratuba através do rio do Barro Branco.



Figura 15: Situação das bacias hidrográficas do litoral paraibano com destaque para o divisor de águas entre as bacias dos rios Mamanguape e Camaratuba.



Figura 16: Destaque na carta topográfica referente às cabeceiras dos elementos hidrográficos que estão se encaminhando para um processo de captura.



Figura 17: Perfil longitudinal entre os cursos d´água do rio do Barro Branco e do riacho da Pedra Preta demonstrando a flexão imposta pela erosão regressiva.



Figura 18: Perfil longitudinal 1 se refere à relação interfluvial de uma das cabeceiras do riacho da Pedra Preta com o rio do Barro Branco. O perfil longitudinal 2 se refere a outra nascente do riacho da Pedra Preta e o intervalo que o separa da nascente do rio do Barro Branco.


Por ser essa uma área de topo e por ter uma intervenção artificial (pois a estrada PB-071 é fruto da intervenção humana) esta via apresenta tráfego intenso. A PB-071 é uma estrada intermunicipal e que serve ao escoamento da produção das agroindústrias adjacentes, motivo suficiente para estabelecer uma forte pressão que consideramos de origem sócio-econômica no meio ambiente em seu entorno. Esta pressão se dá pelo fato do divisor de águas estar impermeabilizado de modo brusco, inibindo o equilíbrio na troca de matéria e energia entre as cabeceiras das duas vertentes opostas (ver Figura 20). Essa troca de matéria energia se torna equilibrada no formato dinâmico, quando há um elo de ligação atenuador entre os canais de escoamento drenando para o interior das bacias, neste caso o agente atenuador é, sem dúvida, a vegetação.



Figura 19: Divisor de águas impermeabilizado de maneira brusca.
(Foto Maria J. V. de Barros – 2002).


O fator pressão somado à situação de vulnerabilidade, devido à pequena densidade da população de vegetação, e com declividade relativamente acentuada das vertentes, leva esse ambiente para um quadro geográfico que incide na possibilidade da captura fluvial entre as duas cabeceiras dos canais fluviais.

Outro fator que corrobora para catalisar essa captura é que a estrada contém uma pavimentação asfáltica. Este agente é que estabelece o processo de impermeabilização da superfície do solo, acarretando a concentração de águas pluviais cujo processo de drenagem concentrado passa para os cursos naturais, fato que é verificado logo após a faixa denominada de acostamento da estrada devido à presença de ravinamentos na área (ver Figura 21). Esses fatores ampliam a intensidade do escoamento superficial e, conseqüentemente as enxurradas serão torrenciais , permitindo a efetivação de erosão regressiva nas áreas de maior flexão do perfil longitudinal do curso do rio (ver Figuras, 18 e 19). Segundo Christofoletti, “a captura fluvial corresponde ao desvio das águas de uma bacia fluvial para outra, promovendo a expansão de uma drenagem em detrimento da vizinha”. O tipo de captura que pode ocorrer com o recuo das cabeceiras entendido, conforme o autor como

“processo responsável quando dois rios adjacentes estão localizados em altitudes diferentes ... através do recuo das cabeceiras, o rio expande-se, atravessa a divisa e captura o curso de água localizado em nível mais alto. Outro fator assinalado para explicar a ocorrência dessa espécie de captura reside na diferença de declividade entre os dois cursos concorrentes, sendo que o de maior declividade tornar-se o beneficiado” (1981, p. 135-6).



Figura 20: Presença da ravinamentos entre o acostamento da estrada PB-071 e a borda da REBIO.
(Foto Maria J. V. de Barros – 2002).


Sob ótica desse processo de captura, verificamos que o rio que topograficamente encontra-se em superfícies mais elevadas é o que está localizado no território da REBIO, denotando assim seu grau de fragilidade à captura. Ao longo de alguns metros em direção a jusante, o que apresenta maior declividade são os canais que alimentam o riacho da Pedra Preta, na bacia do Mamanguape. A Figura 22 demonstra no destaque 1, uma das cabeceiras do canal que forma o riacho da Pedra Preta e no destaque 2, outra cabeceira e respectivamente o canal desse mesmo riacho. No destaque 3, a cabeceira do rio do Barro Branco, afluente da margem direita do rio Camaratuba que está dentro do território da REBIO. Em amarelo está a rodovia estadual PB-071 que liga a BR-101 à cidade de Jacaraú. A linha laranja que liga o destaque 2 ao 3 representa o perfil 1 traçado na Figura 19. A linha verde que liga o destaque 1 ao 3 representa o perfil 2, traçado na Figura 19. Podemos ver em vermelho os números em graus relativos à declividade do terreno. Os canais do destaque 1 e 2 são mais íngremes em relação a uma mesma distância no canal do destaque 3. Os valores em vermelho representam a declividade do relevo em graus.



Figura 21: Grade retangular representando a declividade em graus obtida de MNT.


Nessa análise não mesuramos a perda de solo, apenas verificamos, no caso de uma erosão mais acentuada, a tendência que apresenta este relevo de perder material levando a área a sofrer uma captura fluvial. As medidas efetuadas no relevo (perfil) demonstraram que dentro da visão da Ecodinâmica esta área está vulnerável, com intensa morfogênse.


Analisando a área B

A área identificada como B está localizada na SEMA I (ver Figura 5), e como mostra a Figura 23, neste lugar é que estão as nascentes, em pontos detectados como instável e intragrade, dos canais de escoamento superficial que se dirigem para o rio Vermelho. O limite Leste da REBIO tem como divisa a rodovia federal BR-101, que corre paralela à poligonal da área. É interessante observar que esta rodovia mantém um tráfego de veículos de diversas modalidades, desde veículos de tração animal como carroças; veículos leves como bicicletas, até os veículos mais pesados como os de carga. O movimento nessa rodovia é bastante intenso e no período de baixa precipitação pluviométrica, que é culmina com o período de maior intensidade de tráfego na estrada, entre novembro e fevereiro, é relativamente freqüente a ocorrência de queimadas na vegetação que está mais seca devido à pequena ocorrência pluviométrica.



Figura 22: Área de vegetação herbácea e arbustiva junto a BR-101.
(Foto: Conrad R. Rosa, abril de 2002).


Este fato relativo ao fogo ocorre por diversos fatores, como por exemplo motoristas em trânsito que podem desavisadamente arremessar pontas de cigarro aceso, que em contato com a vegetação seca e vento a favor, acabam por provocar o início do incêndio. A área conta com outros possíveis fatores que também são provocadores de incêndio, são os casos da queima de cana-de-açúcar nas plantações que se estendem pelo entorno da REBIO. Há outras atividades, como as extrativistas, principalmente da castanha de caju, que fazem fogo para torrá-la ainda no processo de coleta no interior da área protegida. O fogo acaba por ser um elemento que contribui de forma elevada para o processo desestabilizador, no que refere à harmonia interativa entre os conjuntos naturais principalmente nessa área (ver Figura 24).

Como já citamos anteriormente, a ação do vento é importante na propagação do fogo, pois estando a SEMA I a Oeste da rodovia e a direção predominante dos ventos é sudeste, logo a propagação tenderá para a direção NO. Estando o vento com velocidade média em torno dos 2,6m/s e como o ambiente está próximo a um topo que decresce rumo ao rio Camaratuba, o fogo se espalha mesmo vencendo a encosta no sentido descendente (ver Figura 25 e 26). Esse fenômeno de propagação do fogo com tamanha agilidade, decorre também do fato de que a população referente a vegetação nessa área não é de densidade elevada, é de baixa estatura e pouca densidade foliar, é composta principalmente de vegetação arbustiva (cerrado) e de gramíneas (campos), sendo esta uma das razões que nos períodos secos a vegetação torna-se mais suscetível à queimadas.



Figura 23: Foto de queimada na SEMA I, próximo a área B. A BR-101 está na direção oposta direção da foto. (Foto: Conrad R. Rosa – 1997)



Figura 24: Disposição dos perfis topográficos – ÁREA B (SEMA I). As setas representam a direção predominante do vento. Em Amarelo está a BR-101.



Figura 25: Perfis topográficos. Ver direção na Figura 25.


Quando há desequilíbrio nas trocas de matéria e energia entre os conjuntos biótico e litológico, é que se percebe a pequena resistência da área, o que torna a condição de intempérie um agente altamente modificador da paisagem, levando a área a sofrer alta morfogênese.

A difícil recuperação da vegetação devido às queimadas promove, a exposição do solo às intempéries e, por conseguinte, uma perda deste material pelo trabalho erosivo da ação, principalmente das enxurradas de magnitude torrencial (ver Figura 27). O desgaste da superfície litológica que essa área vem sofrendo, acaba por interferir no equilíbrio desse ambiente, pois o deslocamento de material para os canais diminui o volume do escoamento a jusante, lugar esse que já se encontra externo a REBIO, suprindo tributariamente com pequeno fluxo o rio Camaratuba e agricultores do entorno.



Figura 26: Área de instabilidade na SEMA I com solo exposto, próximo a área B. A BR-101 está na direção da foto, acima do barranco. Foto original colorida. Esta amostra foi realçada por processamento digital. (Foto: Conrad R. Rosa – 1997).


O antropismo no entorno pressiona a tentativa de estabilização da área protegida influenciando no desequilíbrio da troca, pois a área antropizada por estar mais vulnerável na sua tentativa de se estabilizar, exige mais energia e matéria das áreas estáveis, que estão topograficamente em posição superior. Ou seja, a matéria e energia se deslocam para áreas mais baixas e estas, como já estão em processo de desestabilização, não absorvem esse estímulo cedido pelo ambiente estável no nível superior, deixando o balanço muitas vezes concentrado em um único ponto e a possibilidade de estoque escasso, em outro. Não quantificamos esses processos de troca de matéria e energia, porém foram demonstrados nas ilustrações trazidas nesse tópico (ver Figura 28).



Figura 27: Área fortemente instável dado ao antropismo agressivo.
(Foto: Conrad R. Rosa, em abril de 2002).


Foi detectado um processo morfogenético, causado por pressões externas ao ambiente que, por sua vez incide na desestabilização do balanço de matéria e energia da área estudada. Com a vegetação em estado vulnerável devido as queimadas e as próprias situações climáticas, o relevo não encontra na vegetação o conjunto que amortece a mecânica que geralmente ali ocorre. A vegetação é um conjunto mediador, e na deficiência deste sobre o relevo, os ventos que alastram o fogo também trabalham a superfície exposta por erosão. Desse modo a área B está sofrendo tanto uma pressão antrópica como uma pressão dos próprios conjuntos naturais que ali interagem. Podemos ver na Figura 25 a situação das nascentes daquela área, e na figura 27 a condição das suas proximidades. A falta de vegetação favorece o assoreamento dos rios, assim como também promove uma intensificação da evaporação, pois essa falta permite uma ação intensa da radiação e dos ventos sobre o relevo. Como ressalta Araújo,

“O índice de evaporação na área semi-aberta é relativamente superior a do interior da mata, devido principalmente a incidência direta dos raios solares principalmente ao meio dia, quando a insolação atinge o seu máximo de perpendicularidade o que aumenta a capacidade do poder evaporante. Os ventos também têm grande participação no processo da evaporação uma vez que na área semi aberta a barreira de ventos é sensivelmente diminuída, se comparado com a mata, desse modo, os ventos na área aberta têm maior poder de circulação. Verificamos após várias leituras realizadas, que o índice de evaporação nos meses que vão de outubro a janeiro (período o qual demos início a pesquisa) foi bastante intensa, tendo seu pico no mês de novembro, atribuímos esse fato ao baixo volume pluviométrico, durante o referido período. Observamos também que na chegada da estação do outono, e mais especificamente entre os períodos de 20 a 24 de março/2000, em que se verifica a perda elevada de folhas pelas árvores, houve um aumento da evaporação tanto no interior como fora da mata, favorecendo a penetração da energia solar e dos ventos e como conseqüência um aumento no índice de evaporação” (2000).

Devido a essa situação as áreas de cabeceiras dos rios e riachos, nesta parte da REBIO, estão sujeitas a perderem seu suprimento de água e secarem, isso em se tratando da falta de abastecimento do lençol freático por reposição pluvial, pois nesse sentido a evaporação pode ser superior à reposição.

Nas evidências levantadas, além do grau de vulnerabilidade detectado a análise nos permite conferir que, às luz da Teoria Ecodinâmica, a área sofre com problemas ambientais gerados no exterior da área de proteção, comprometendo sua estabilidade em termos de interior, conduzindo a área protegida a uma desestabilização, no que primeiramente deveria ser uma área estável.


Considerações finais

Sob ótica das hipóteses levantadas para dirimirem o rumo da nossa pesquisa, consideramos que as áreas analisadas estão em processo morfogenético intenso. As áreas apontadas como meio-estável, como as que contêm em seu interior formação florestal com relativa densidade populacional, estão suscetíveis à instabilidade devido à pressão externa interferir em estruturas que trabalham morfogeneticamente em seu interior, principalmente os canais de escoamento.

Para evidenciar tais áreas vulneráveis, foram necessárias medidas de alta confiabilidade e em alguns momentos precisas. No caso, para tentar minimizar os efeitos da imprecisão usamos, além de fotografias e cartas o instrumental que vem sendo empregado no cotidiano técnico que é o Sistema de Informação Geográfica, tendo como ferramenta mais precisa uma que trata especificamente do relevo, que é a Modelagem Numérica de Terreno (MNT).

Com essas ferramentas que tratam os dados em meio digital, um grande volume de dados sobre o relevo pôde ser processado neste trabalho, que procurou corroborar ainda mais os valores contidos nas hipóteses. O processamento se fez rapidamente facilitando assim os testes e visualizações, contribuindo para nossa compreensão do relevo. Na própria confecção da base de dados os problemas expostos ficaram mais evidentes, o que facilitou a decomposição do problema na área detectada. Convém citar mais uma vez que as fontes de dados utilizados foram indiretas, ou seja, são dados oriundos dos documentos cartográficos disponíveis que sofreram por dentro do SIG processamentos matemáticos e estatísticos.

Laçamos mão também do processamento digital de imagens – PDI. Usamos imagens orbitais em formato digital, além de fotos de sobrevôo e fotos horizontais. Das imagens tratadas no computador conseguimos extrair dados que passaram a ser informações. Verificamos em campo por diversas vezes os dados tratados no computador e ainda coletamos outros. Observamos também que a metodologia trabalhada, que envolve dados indiretos, é confiável, e torna-se uma poderosa ferramenta de análise, pois permite visualizar o ambiente sob vários ângulos.

A busca de resolução para nosso problema – as possíveis evidências de vulnerabilidade no relevo da REBIO Guaribas –, foi conduzida pelas hipóteses. A primeira hipótese levantada refere-se ao fato de que o desequilíbrio do fluxo de matéria-energia entre os conjuntos naturais, cujos resultados incidem numa morfogênese maior que pedogênege, influi na vulnerabilidade do relevo da REBIO. Outra hipótese é que a pressão no meio ambiente, através de intervenções artificiais que tencionam elementos dos conjuntos naturais causam desequilíbrio no sistema, levando à ocorrência de uma morfogênese maior que pedogênege.

Nas duas áreas analisadas, pudemos constatar que o fluxo de matéria e energia está em desequilíbrio pois há instabilidade, seja ela moderada ou intergrade. Tanto na área A como na área B o desequilíbrio ambiental é causado a partir de diversos agentes. Um desses agentes detectados está relacionado à presença de rodovias, que além de impermeabilizarem o solo permitem um tráfego intenso de veículos. Outro agente de interferência acentuada é o fogo, utilizado como instrumento agrícola ou mesmo de forma acidental tanto na área de frutos silvestres na coleta ilegal de caju, fato que ocorre principalmente na área B. A queimada afeta de forma agressiva o equilíbrio do sistema, fazendo com que o elo que amortece a ação das forças intempéricas no relevo, que é a vegetação, seja enfraquecido. Esse enfraquecimento possibilita o rompimento de uma cadeia de causas e efeitos espontâneos no sistema, levando o ambiente a uma desestabilização, incidindo que o processo da morfogênese seja superior ao da pedogênese.

Com a estrutura da população vegetal enfraquecida pela presença do elemento fogo em áreas adjacentes ou internamente de forma acidental, há ainda a questão referente à pavimentação asfáltica no entorno, que acaba atuando como um elemento limitante do território da REBIO. As estradas acabam sendo um agente que confina o fluxo de matéria e energia entre o interior e exterior da UC, além de interferir na drenagem natural como foi destacado na área A.

Em relação à primeira hipótese, com intervenção antrópica, detectamos uma tendência das áreas A e B se manterem em morfogênse. Esse fato se deve a difícil recuperação das áreas que já estão comprometidas com o atributo vulnerabilidade, o que inevitavelmente acaba por levar ao desequilíbrio nas constantes trocas de matéria e energia entre a paisagem e o ambiente.

A intervenção humana atua diretamente sobre a própria dinâmica natural criando relações entre fenômenos e áreas com elevado teor de instabilidade. Percebemos que a primeira hipótese encontra sustentação quando há uma tentativa da própria área natural se equilibrar de forma espontânea com uma outra área, como ficou nítido na Figura 13, pois ali, naquele lugar, a vegetação no vale se recuperou após a intensa extração de madeira praticada no início da década de 1970.

A vulnerabilidade no relevo na REBIO é ocasionado também pela própria dinâmica natural do sistema, como é o caso da captura entre os canais que têm processos erosivos intensos. Esse fato foi observado com bastante nitidez na área A, cuja tendência natural do riacho da Pedra Preta demonstrou a possibilidade de captura do canal do rio do Barro Branco, que se apresenta com menor teor erosivo devido à ação de caráter morfogenético. Essa ação leva tanto um canal como outro a se unirem a partir da erosão regressiva, aumentando de forma significativa a concavidade do perfil longitudinal da linha que forma o curso d’água.

Consideramos que em certas áreas, apesar de sofrerem naturalmente uma morfogênese maior que a pedogênese, o agente externo homem acelera ainda mais tais processos, comprometendo provavelmente as outras áreas próximas. A partir das hipóteses, corroboradas, não temos dúvidas em afirmar que as áreas no interior da REBIO, consideradas enquanto aspecto de Intergrade e Instável devem ser vistas pela equipe gestora da UC como áreas de preservação, a partir de observação sistemática.



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