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sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Resumo da atividade excursionista out/2009 – Camalau-PB


As 6:30 da manhã, o grupo composto pela equipe técnica do Labema, alunos do curso de Geografia e a jornalista Jailma Simone, parte da UFPB para Camalaú em busca da compreensão da dinâmica natural na paisagem semi-árida da cidade. Uma amostra da relação homem/natureza é percebida pela reação das pessoas ao sentirem o aroma dos mameleiros com o capim na estrada, em São João do Cariri.
Ainda na BR 412, uma parada para demonstrar aos alunos a utilização de poços para encontrar água na estiagem. Mesmo quando o canal de escoamento não apresenta o curso de água contínuo (como os rios intermitentes predominantes na região do Cariri), o terraço fluvial guarda um pouco de água, que é encontrada à medida que se cava, para uso animal.


Rio Taperoá, São João do Cariri. Foto: Conrad Rosa

A equipe chega à sede da fazenda do assentamento ao meio dia e, após o almoço, foram todos para o trabalho de campo. A bordo dos potentes jipes do Geraldinho, o grupo foi visitar a barragem e o sangradouro que transbordou em maio pela primeira vez desde sua inauguração, há vinte anos.





Alunos preparando o termômetro; Saída para o açude. Fotos: Conrad Rosa e Ivo Lacerda

 
Açude de Camalaú. Foto: Ivo Lacerda


O grupo foi direto ao sangradouro do açude e fizeram alguns ensaios topográficos, para identificar a geometria do topo da barragem até o espelho d'água, utilizando como parâmetro a régua topográfica.


Foto: Conrad Rosa

Em seguida, foram para área imediata em que há o sangradouro e lá foram feitos alguns ensaios de infiltração, no qual verificou-se a baixíssima permeabilidade do solo. Testou-se também a textura do solo, notando que é arenoso - argiloso, e no quesito à plasticidade, verificaram que há lugares de solo bastante arenoso e com pouca plasticidade e outros lugares na mesma área com solos bastante argilosos, denotando pegajosidade ao toque com material molhado.


Teste de infiltração do solo. Fotos: Arimatéia e Raquel Valentini


A topografia desse início do sangradouro é uma área bastante plana e bastante elevada em relação ao nível do talvegue, o que acaba por denotar que o sangradouro está adquirindo um novo nível de energia potencial. A canalização do sangradouro pela vertente esquerda do rio e muito acima da linha de talvegue permitiu que a energia cinética tivesse outra realidade na situação de trabalho, ou seja, ação "erosiva" com maior intensidade.


Área artificial de transbordamento da lâmina d'água do açude (sangradouro). Foto: Jailma Simone

A medida que foram acompanhando o caminho das águas deixado no período em que houve o transbordamento do espelho d'água do açude, observaram a modelação efetivada pela ação dessas águas. Alguns lugares chegaram a aprofundar dentro da rocha mais de três metros, sendo essa um gnaisse profundamente metamorfizado, o que lhe dá condições de esfarelamento à mão.




Canal de escoamento do açude. Fotos: Conrad Rosa

A nova competência ficou nítida quando chegaram na altura da estrada que foi levada pela inundação, esta ficando a aproximadamente uns quinze metros abaixo do espelho d'água.


Foto: Liese Carneiro

No caminho de volta, o grupo parou para observar, através da audição, as vozes da natureza local. O objetivo desse exercício foi a de contrastar a questão já tão em moda que versa sobre a desertificação como uma situação estabelecida de maneira efetiva sobre o Estado da Paraíba e principalmente sobre a região do Cariri.


Craibeira na caatinga. Foto: Conrad Rosa

Logo após esse exercício, ouviram o sino da Igreja tocar. Os toques, segundo Aninha, eram referentes ao ritual de sepultamento que estava ocorrendo no cemitério da cidade. O grupo seguiu para a cidade até o encontro do cortejo fúnebre que já havia adentrado o cemitério. Algumas pessoas visitaram o cemitério, já anoitecendo, percorrendo o local junto às explicações de Aninha sobre a suntuosidade dos túmulos, mausoléus e a simplicidade das covas. Trata-se de um cemitério misto (não segregado e desordenado) característico de cidades pequenas ou interioranas.


Cemitério de Camalaú. Foto: Conrad Rosa

A noite, mesmo com chuva, uma equipe foi conhecer uma atividade da cultura local, a Festa do Laço do Bode na cidade do Congo, a 25km de Camalaú.


Foto: Conrad Rosa

No domingo cedo, a equipe parte para uma visita arqueológica, percorrendo alguns quilômetros de jipe e a pé, atravessando a "mata branca" protegidos pelo tempo nublado. Os sítios de pintura rupestre são vestígios de que grupos humanos anteriores ao atual, estiveram presentes em uma determinada área. No sítio Roça Nova em Camalaú, um painel representa, especificamente, além da existência de um grupo humano, antropomorfos (figuras humanas) em atos sexuais ou de reprodução humana.


Fotos: Diego Valadares, Giovane Dilorenzo e Raquel Valentini 

Utilizando da técnica de pintura em pigmento vermelho em um painel de rocha gnaisse, os habitantes pré-históricos representaram mãos e figuras geométricas, além dessa importante cena do cotidiano: a reprodução humana.


Foto: Conrad Rosa

Na volta, uma visita para conhecer mais uma curiosidade cultural local: são as mulheres que jogam e defendem a cidade através do futebol. As meninas do Atlético Clube Camalauense tomaram um gol dos alunos de Geografia, mas mostraram muita habilidade no esporte, como mais uma demonstração da potencialidade da cidade de Camalaú.


Foto: Conrad Rosa



2 comentários:

Unknown disse...

Hoje há região do Cariri precisa ser vista com os olhos de seu povo. A seca é uma palavra muito comum, mas na verdade oque ocorre nessa região é um periodo longo estiagem. Água é o que não falta neste local, mas a sua destribuição é pouco trabalhada.
Sei que a parti dessa novas matérias colocadas no blog, o mundo vai descobrir o que há de verdade na realidade da CAATINGA no Estado da Paraíba.

Klévio Duarte disse...

Adorei a expedição, a equipe de geógrafos fizeram uma radiografia geral das potencialidades ambientais e cultural de Camalau e adjacência. Sou muito atento as questões técnicas e fiquei bastante interessado em saber como se faz o teste de infiltração.