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sábado, 1 de setembro de 2007

A cidade de São Mamede - PB: do brilho à opacidade

A cidade de São Mamede — PB:
do brilho à opacidade

Paulo Rosa



A cidade como é apontada por Aristóteles está assim anunciada “sabemos que toda cidade é uma espécie de associação. E que, toda associação se forma tendo por alvo algum bem. Por que o homem só trabalha pelo que ele tem em conta de um bem.” Podemos assim deduzir algumas situações que vão se expandindo de forma complexa, pois o bem é a meta do conjunto humano que se estabelece num lugar.

O que se entende por bem? Bem é o resultado das coisas naturais e que são transformadas recebendo a destinação útil à satisfação das necessidades humanas. E, o acúmulo dos bens acaba por gerar o patrimônio.

São Mamede adquire o seu status de cidade no início da década de 1950, época em que houve uma grande apropriação do solo como coisa que iria abrigar um bem de alta necessidade: o algodão; este são as fibras obtidas dos frutos dos indivíduos do gênero Gossypium da família Malvaceae. Esse indivíduo pertencente ao reino vegetal e domesticado pela ação humana devido a possibilidade de transformação da fibra em tecido que serve diretamente às necessidades humanas. No entanto além dessas fibras há também as sementes que ficam abrigadas no interior das fibras, essas sementes são também transformadas em óleo comestível.

O tanto o tecido oriundo dessas fibras assim como o óleo servem de matéria prima para os setores industriais abastecendo a indústria do vestuário e alimentícia.

O cenário natural no município de São Mamede favorece a ocupação desse indivíduo vegetal, a população local se valeu dessa situação e concentrou seus esforços nesse cultivo. O algodão já foi considerado como o “ouro branco” e desse manancial, que já foi visto como um “filão” e a cidade já apresentou uma elevada arrecadação estadual, chegando mesmo a terceira do Estado (informações oral). Hoje ainda há vestígios dessa opulência quando vê-se as instalações prediais da época de ouro do algodão.

A população fez não apenas o esforço para a produção de bens mas simplesmente concentrou os esforços apenas numa direção o resultado foi que a produção ficou comprometida pela fragilidade do indivíduo em função da população do “bicudo”, sendo este um pequeno besouro que perfura o botão floral e a maçã dos algodoeiros danificando as fibras.

O comprometimento gerado pelo bicudo nas plantações de algodão, acabou por causar uma completa inanição na estrutura produtiva. As indústrias fecharam suas portas devido a não produção. O resultado dessa situação começa a aparecer como elemento de degradação da economia local. O resultado positivo da dedicação da sociedade não a questão específica da produção unidirecional, mas sim olhando a cidade sob outro prisma, o prisma da topofilia (amor ao lugar). Não resta dúvida que a população está em declínio, haja vista o lugar não possuir mais uma possibilidade econômica atrativa, pelo menos é o que está aparente. A população é altamente receptiva, quando percebe que o sujeito não é do lugar, procura atendê-lo de forma extremamente simpática, contando “causos” e histórias das épocas pretéritas.

O cenário rural não apresenta mais os campos de algodão, há gado bovino e nos campos a Caatinga, bem nítido a população de Jurema-preta tornou-se o indivíduo predominante. Nesse cenário existem vários sítios arqueológicos, indicativo de que o lugar já foi ocupado e pela quantidade de gravuras rupestres contidas em cada sítio, podemos anunciar que o lugar possivelmente foi bem povoado por grupos pré-históricos.

A sociedade local tem procurado novas formas econômicas, pois precisa continuar no lugar por conta de que a cidade está pronta e bem estruturada, com ruas arborizadas, largas e calçadas, parte já saneada. Á água corre nas torneiras. Um mercado público que pode ser realçado pela qualidade de sua organização. A Arte tanto a plástica como a cênica são elementos bem trabalhados pelo povo do lugar, assim sendo poderão agregar valor a um novo tipo de economia , pois, com tantos sítios arqueológicos e a cidade já informatizada, pode-se já iniciar um novo arranjo produtivo local sobre a indústria seca que é o turismo.

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