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sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Desperdício diário de água



Em apenas uma única torneira, a UFPB perde 1 litro do líquido a cada minuto, segundo pesquisa científica em Geografia.

 
Por dia, são destinados ao ralo 1.440 mil litros do recurso natural liberados pela torneira com defeito na instituição. Foto: Ovídio Carvalho

A Universidade Federal da Paraíba (UFPB), a maior instituição pública de ensino superior do estado, não cumpre legislação ambiental. Uma equipe de estudantes do Departamento de geografia constatou a falta de gerenciamento no consumo de água no Campus I. O estudo, denominado Auditoria de conformidade legal: estudo do desperdício da água no Campus I da UFPB, revelou que a falta de manutenção nos equipamentos hidráulicos resulta em desperdícios de pelo menos 1 litro de água por minuto numa única torneira com vazamento. O trabalho de conclusão de curso foi apresentado pelo estudante Klévio Duarte a representantes da prefeitura universitária que são responsáveis pelo gerenciamento dos recursos da instituição. O estudante afirmou que a universidade se vê como produtora de conhecimento, mas não se enxerga como potencial agressora do meio ambiente.

De acordo com Klévio Duarte, não há um controle de consumo da água pelo Campus I da UFPB porque não existe uma comissão ambiental, conforme estabelece a Lei 6.938/81 da Política Nacional do Meio Ambiente. "Falta aplicação da política de preservação do meio ambiente e infelizmente não está na cabeça dos gestores, nem tão pouco na comunidade, a necessidade de gerenciar os recursos naturais", disse. Segundo o levantamento realizado por Klévio Duarte, em apenas uma torneira com defeito no banheiro do Departamento de música, em um segundo há um desperdício de 19 ml de água. O número representa 1 litro do líquido jogado fora a cada 52 segundos. Isso significa que em um dia, o Campus I da UFPB, joga literalmente pelo ralo 1.440 mil litros do precioso líquido em apenas uma torneira com defeito. Por mês, esse desperdício chegaria a 43.200 mil litros.

 Klévio ressalta que UFPB não possui comissão ambiental para atuar nesses casos. Foto: Rafaela Tabosa

De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), cada pessoa necessita de 3,3 m³/pessoa/mês (aproximadamente 110 litros de água por dia para atender as necessidades de consumo e higiene). Ou seja, os 1.440 mil litros desperdiçados por dia em apenas uma torneira sem manutenção na UFPB seria suficiente para atender as necessidades de 14 pessoas por dia. Além de provocar o desequilíbrio ecológico, o problema gera prejuízos financeiros e a conta é paga por toda a sociedade.

Conforme a legislação ambiental, é dever da ação governamental a manutenção do equilíbrio ecológico, considerando o meio ambiente como um patrimônio público a ser necessariamente assegurado e protegido, tendo em vista o uso coletivo. Como também a obrigatoriedade de racionalização do uso do solo, do subsolo, da água e do ar. Um outro ponto destacado pela lei é a necessidade de planejamento e fiscalização do uso dos recursos ambientais. Maria José Vicente Barros, co-orientadora do estudo, ressaltou a necessidade da instituição fazer o seu dever de casa. "A UFPB está trabalhando com profissionais. Então, esses trabalhos precisam estar à disposição dos gestores para as devidas providências".

Antônio Borba, consultor da prefeitura universitária, considerou o levantamento um documento valioso para provocar mudanças de atitudes nos gestores da instituição. Elizabete Pimenta, pró-reitora de administração da UFPB, reconheceu a importância dos dados apresentados que devem ser utilizados como parâmetros para tomadas de decisões e soluções para os problemas do Campus I. "O olhar do usuário ajuda na gestão porque é despossuído do senso auto-crítico e isso contribui significativamente para podermos planejar de forma pró-ativa nossas decisões". 

Perdas podem provocar colapso hídrico em 10 anos

A questão do desperdício de água preocupa especialistas do mundo inteiro. Há estudos apontando inclusive para o colapso hídrico em pouco mais de 10 anos. Estudiosos alertam que para evitar a escassez no fornecimento de água doce para a humanidade, é preciso acabar com o desperdício, a poluição, o desmatamento e o assoreamento de rios e mananciais.

Mas, em outros casos as perdas são inevitáveis. A exemplo da Companhia de Água e Esgotos da Paraíba (Cagepa). De acordo com a assessoria de comunicação, o órgão fornece por mês 15 milhões de metros cúbicos de água em todo o estado. O número equivale a 15 bilhões de litros. Desse total, 30% do líquido são desperdiçados através de vazamentos, ligações clandestinas (conhecida por gatos) e pelo próprio processo de produção e tratamento.

Apesar do número alto de perda, o percentual está dentro da margem determinada pela legislação brasileira. Com menos disponibilidade de água, a tendência é que esse bem natural se torne cada vez mais caro para o consumidor. Fechar a torneira enquanto escova os dentes, desligar o chuveiro enquanto se ensaboa, fechar a torneira da pia quando estiver lavando louça e lavar o quintal com a água da máquina são algumas medidas cabíveis a todos, porém realizadas por poucos. Porém, essas atitudes simples se adotadas pela maioria das pessoas resultaria em grandes benefícios. 

O preço pago pelo contribuinte

O desperdício diário de água em uma torneira quebrada na UFPB equivale:
- Ao uso necessário para 14 pessoas ao dia.*
- Um prejuízo financeiro de R$ 77,32 por mês em cada torneira com gotejamento**

O desperdício anual gerado nessa única torneira:
- Daria para irrigar aproximadamente cinco campos de futebol com plantação de fruticultura*.

A soma do desperdício diário de água em 100 torneiras quebradas na UFPB corresponde:
- A água necessária para irrigar um lote (aproximadamente cinco hectares) de um pequeno produtor no programa Várzeas de Sousa*

* Fonte do secretário de Recursos Hídricos do Estado, Francisco Sarmento.
** Fonte: Cagepa

Fonte: Jornal O Norte por Jailma Simone. 29.01.2010

Um comentário:

Klévio Duarte disse...

Esta monografia é um trabalho técnico a qual abre mais um leque de opções de trabalhos profissionais aos quais o geógrafo pode e deve atuar. O professor Paulo Rosa tem orientado trabalhos ineditos, porém com cunho geográfico, isso enaltece o profissional geógrafo.
A geografia oferece o meio ambiente como a maior ferramenta de trabalho, porém o que se oberva é a repetição ou similidade dos temas monográficos. Agradeço muito ao esforço e orientação do professor Paulo Rosa, pois sem ele, a Maria e os estudante do Labema a minha monografia não teria tido o conceito positivo que teve.